BERNARDO MELLO FRANCO
RIO DE JANEIRO, RJ – A ex-presidenciável Marina Silva disse nesta segunda-feira (26) que o racionamento de água em São Paulo deveria ter sido iniciado no ano passado, mas foi adiado por interesses eleitorais.
Sem citar o nome do governador Geraldo Alckmin, ela sugeriu que o tucano retardou a medida para não pôr em risco a sua reeleição.
“Teria que ter sido feito o racionamento antes. Mas não podia fazer porque era período eleitoral. Às vezes o estadista paga um preço para poder fazer as coisas de forma correta”, criticou Marina.
A ex-senadora ainda está filiada ao PSB do vice-governador Márcio França, aliado de Alckmin. Ela e o tucano apareceram juntos no material de campanha do partido.
Em sua primeira aparição pública em 45 dias, no Rio, Marina também fez críticas indiretas à presidente Dilma Rousseff. Ela sugeriu que a petista omitiu a gravidade da crise na campanha.
“Não se pode fazer um discurso para ganhar e um discurso para governar. Precisa ter coerência”, afirmou.
“Nós vivemos uma crise econômica gravíssima que precisa ser enfrentada com medidas que não são o mundo cor de rosa do marketing eleitoral. A população tinha o direito de saber dos graves problemas da economia.”
DESAGRAVO
Marina recebeu nesta segunda cerca de 10.500 assinaturas coletadas no Estado do Rio para a criação de seu futuro partido, a Rede Sustentabilidade. O ato reuniu cerca de 80 pessoas e apenas um político com mandato federal, o deputado Miro Teixeira (Pros-RJ). O tom foi de desagravo pela derrota eleitoral em 2014.
“Tenho certeza de que Marina conseguirá dar a volta por cima e superar essa dor, esse sofrimento todo”, disse o antropólogo Luiz Eduardo Soares, integrante da Rede.
“Marina foi alvo de calúnias, injúrias e difamações. Disseram até que ela ia acabar com o videogame das crianças”, emendou Teixeira.
A ex-senadora não quis responder sobre as medidas de ajuste fiscal anunciadas pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda). “Todos os meus posicionamentos eu coloquei nas redes sociais”, disse.
Ela também evitou rebater as críticas da coordenadora política de sua campanha, Luiza Erundina (PSB-SP). A deputada disse à Folha de S.Paulo que Marina errou ao apoiar o tucano Aécio Neves no segundo turno e que ela está “muito calada” diante da crise.
“O que eu posso dizer é que tenho muita gratidão pelo trabalho que a Erundina fez num momento difícil”, afirmou Marina.