SÃO PAULO, SP – O governo da Rússia disse nesta terça-feira (27) que a decisões tomadas pelas agências de classificação de risco têm motivações políticas. Nesta segunda (26), a agência S&P (Standard & Poor’s) cortou a nota de crédito do país para BB+, abaixo do grau de investimento (chancela de local seguro para se investir).
“Elas são politicamente motivadas, e, consequentemente, é improvável que empresas sábias possam ou devam levá-las em conta”, disse Dmitry Peskov, porta-voz do presidente russo.
A S&P citou a derrocada do valor do rublo e as baixas receitas vindas da venda do petróleo como motivos para cortar a nota de crédito do país. Além disso, disse que o sistema financeiro russo está se enfraquecendo, e que o Banco Central do país terá cada vez mais problemas para ajudá-lo.
A economia russa deve se contrair entre 4% e 5% neste ano.
PLANO
O ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, apresentou nesta terça-feira (27) um plano anticrise que vai congelar os gastos do governo e pretende reformar a economia. O plano, segundo ele, é obter superavit orçamentário até 2017 -isso se os preços do petróleo subirem para US$ 70 por barril. Hoje, os preços oscilam entre US$ 45 e US$ 48.
Com duração de um ano, o plano será financiado pelo orçamento existente, com 170 bilhões de rublos (cerca de US$ 2,5 bilhões) tendo sido alocados para o pacote, disse o ministro.
CENÁRIO
A S&P havia alertado no fim de dezembro que poderia tirar o grau de investimento da Rússia a partir de meados de janeiro, após rápida deterioração da flexibilização da política monetária do país e do enfraquecimento da economia.
A Moody’s e a Fitch, outras agências de classificação de risco, avaliam a Rússia como Baa3 e BBB-, respectivamente, os níveis mais baixos nas escalas de grau de investimento. Abaixo desses níveis, o país também entraria no chamado grau especulativo (que indica alta probabilidade de calote) também nessas agências.
A medida pode prejudicar não só a imagem da Rússia entre os investidores, mas também elevar seus custos de financiamento, já que muitos fundos têm regras que os impedem de comprar títulos não classificados como grau de investimento.
O ministro Siluanov disse, no entanto, que a decisão da S&P não afetará o mercado de capitais da Rússia, já que a agência não sabia que medidas de austeridade tinham sido aprovadas pelo governo.
A economia da Rússia deve entrar em recessão neste ano, uma vez que as sanções do Ocidente por causa dos conflitos com a Ucrânia estimulam a fuga de capitais e a inflação. Além disso, uma queda duradoura dos preços do petróleo prejudica as receitas de exportação da Rússia.