ISABEL FLECK, ENVIADA ESPECIAL
SAN JOSÉ, COSTA RICA – Em sua primeira aparição internacional após anunciar um acordo de reaproximação com os Estados Unidos, o ditador cubano, Raúl Castro, disse nesta quarta-feira (28) que o “problema principal [com Washington] não foi resolvido” e sugeriu que o presidente Barack Obama, ao menos, use suas “capacidades executivas” para mudar a forma de aplicação do embargo à ilha.
“O problema principal não foi resolvido. O bloqueio econômico e financeiro causa enormes danos à população cubana e é uma violação do direito internacional”, disse Castro, um dos primeiros a discursar na 3ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) em San José, na Costa Rica.
Ele disse saber que o fim do bloqueio -que depende da aprovação do Congresso americano- será um “caminho longo e difícil, que vai exigir um esforço das pessoas de boa vontade nos EUA e no mundo”.
Dentro desse contexto, ele disse que Obama poderia usar seus poderes executivos para modificar “substancialmente a aplicação do bloqueio”.
Castro ainda repetiu a exigência de que Washington retire Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo para seguir nas negociações de reaproximação entre os dois países.
“Como explicar o restabelecimento de relações diplomáticas sem que se tire Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo?”, questionou.
O ditador cubano também destacou que seu governo não vai ceder “nem um milímetro” na defesa da sua soberania nacional.
“Representantes do governo norte-americano têm sido claros em precisar que estão sendo mudados os métodos, mas não os objetivos da política. Eles insistem na ingerência nos assuntos internos”, disse.
“Não vamos aceitar das contrapartes estadunidenses que se relacionem com a comunidade cubana como se em Cuba não houvesse um governo soberano”, completou, sob aplausos dos demais líderes presentes.
Castro disse também não fazer sentido uma reaproximação diplomática enquanto os EUA mantiverem em Cuba a base de Guantánamo, um “território ilegalmente ocupado”.
Para o cubano, o movimento de Obama de reaproximação é fruto do reconhecimento do “fracasso” da política norte-americana aplicada contra a ilha nos últimos 50 anos e do “isolamento” que ela teria causado a Washington.