MÁRCIO FALCÃO E RANIER BRAGON
BRASÍLIA, DF – A votação do Orçamento de 2015 provocou uma nova troca de acusações entre as campanhas dos deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disputam a presidência da Câmara.
O peemedebista acusou nesta quinta-feira (29) o governo de pressionar os novos deputados a votarem em Chinaglia com a promessa de liberação de recursos indicados por congressistas no Orçamento que são destinados principalmente para obras em seus redutos eleitorais, as chamadas emendas parlamentares.
Cunha disse ter recebido relatos de que aliados de Chinaglia estariam distribuindo uma tabela negociando a liberação dos recursos.
Apesar da crítica, o peemedebista também transformou as emendas em plataforma de campanha. Ele se comprometeu a assegurar a abertura de um crédito para que os novos deputados também tenham direito de indicar seus recursos.
O Congresso entrou em recesso em dezembro sem concluir a votação do Orçamento. Ainda falta análise pelo plenário da Casa, em sessão conjunta de deputados e senadores. O texto foi aprovado pela Comissão Mista de Orçamento depois de um acordo para garantir que os deputados que não foram reeleitos tivessem suas emendas aprovadas.
Cunha afirmou que já acertou com o relator do orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que será feito um ajuste na proposta orçamentária para também incluir a verba dos novos deputados. Ele disse que o PMDB não vota o orçamento sem essa alteração.
“Estamos recebendo relatos de deputados novos [dizendo] que tem gente do governo que está prometendo a liberação de emendas para os novos. Só acredita quem não conhece a Casa. Quem conhece sabe que tem que passar pelo orçamento e ter a dotação orçamentária para isso. É bom esclarecer isso para não achar que é um presente”, disse Cunha.
Dos 513 deputados que tomam posse e vão eleger o novo comando da Câmara no domingo, 223 são novatos.
Cunha afirmou ainda que uma de suas primeiras medidas, se eleito, será concluir a votação no plenário de uma proposta de emenda à Constituição que torna obrigatória a execução das emendas. “É a primeira coisa. Votar é um compromisso”, disse.
O candidato do PMDB afirmou ainda que a pressão do governo para garantir votos não terá efeitos.