JULIA BORBA
BRASÍLIA, DF – Ao contrário do que havia dito há pouco mais de duas semanas, quando comparou a crise hídrica de São Paulo com a situação da energia elétrica no país, o ministro Eduardo Braga disse, nesta quinta-feira (29), que as duas situações são distintas.
“Diferentemente do problema hídrico, você tem Cantareira na situação que está e não tem linhas de transmissão para transmitir água de um lugar para outro, você pode na energia elétrica”, disse.
Segundo ele, o sistema elétrico pode levar parte da geração do Norte e do Sul para complementar a entrega no Sudeste.
Na quarta-feira (14), o ministro havia comparado os dois problemas e disse que “do mesmo jeito que estamos vendo a realidade em São Paulo, em que o consumidor está tendo que reduzir gasto de água porque há um problema hídrico, o setor elétrico está sendo vítima do ritmo hidrológico”.
REFORÇO
Nesta quinta-feira (29), ele reforçou que o sistema elétrico brasileiro é reforçado pelas térmicas, pela usina de Uruguaiana e pela interligação com o Paraguai e a Argentina.
“Isso não pode ser feito no setor de abastecimento de água, por enquanto, porque não há essas conexões.”
Por causa da forte seca vivida no país nos últimos anos, o nível dos reservatórios das hidrelétricas foi afetado e está hoje em seu nível mais baixo, para mês de janeiro, de toda a série histórica registrada pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), iniciada ano 2000.
O relatório mais recente sobre os reservatórios, que está publicado na página da instituição, mostra que as regiões Sudeste/Centro-Oeste, mais importantes para geração elétrica no país, estão com 16,8% de sua capacidade preenchida. Os dados são desta quarta-feira (28).
O próprio ministro Eduardo Braga já havia dito que, ao atingir o limite de 10% de abastecimento, as usinas não podem mais gerar energia, o que levaria a uma situação crítica de racionamento no país.
RAIO
Sobre possíveis problemas no sistema de transmissão de energia, que poderiam interromper a transferência elétrica de uma região para outra -como no caso do apagão do último dia 19- o ministro acabou dando um exemplo que contraria a presidente Dilma Rousseff.
“Um para-raio, por exemplo, pode não funcionar por uma circunstância qualquer e um raio alcançar uma subestação”, disse.
Em dezembro de 2012, um apagão atingiu 12 Estados. Técnicos do governo chegaram a cogitar que a falha tivesse sido motivada por um raio. A presidente rebateu as alegações e disse que raios não desligam o setor elétrico.
“No dia que falarem pra vocês que caiu um raio, gargalhem”, disse a presidente.