TATIANA FREITAS
SÃO PAULO, SP – O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, convocou o “espírito animal” dos empresários a uma seleta plateia de clientes do grupo Bradesco durante palestra na manhã desta sexta-feira (30), em São Paulo.
“É preciso resgatar o espírito animal. […] Quando se abre a jaula, poucos animais vão pular para fora sem antes olhar o ambiente. O nosso dever é garantir esse ambiente”, disse.
O ministro admitiu que, para que os empresários voltem a investir, é preciso que tenham confiança na economia, e o primeiro papel do governo nesse sentido, é melhorar a situação fiscal do país.
“O governo vai fazer a sua parte de criar um quadro com menos risco, com uma tranquilidade fiscal que permita o funcionamento do setor financeiro com mais previsibilidade.”
Depois de reconhecer que a economia brasileira “tem funcionado mais por conta própria do que com o apoio do governo”, Levy pediu, em diversos momentos durante o período de aproximadamente duas horas em que falou aos empresários, ousadia e coragem para tomar riscos.
“O nosso trabalho é garantir o ambiente. E vocês, olhando o ambiente, vão tomar as suas decisões. Temos que ter capacidade de tomar riscos”, disse.
Ao afirmar que a responsabilidade da equipe econômica é garantir tranquilidade e previsibilidade, Levy disse que “essa tarefa só o governo pode fazer”, mas ressaltou que “tem uma porção de coisas que não necessariamente o governo vai fazer”.
“O relançamento da atividade são as senhoras e os senhores que vão fazer. Olhando o ambiente, mas evidentemente não é o governo que vai empurrar as coisas. Não é assim que funciona.”
Para ele, o Brasil tem todas as condições para passar para um novo estágio de crescimento. “Não vamos ficar presos à armadilha da renda intermediária que outros países estariam enfrentando.” Para ultrapassar essa fase, Levy disse que é preciso diminuir os riscos macroeconômicos e que “cada um tome os riscos de sua atividade diária”.
Segundo o ministro, a intenção do governo Dilma é aproveitar mais o mercado de capitais para estimular o crescimento.
“O Brasil tem capacidade de criar créditos de longo prazo. O país tem uma boa indústria de bancos de investimento e o governo tem de vê-los como parceiros”, disse.