ITALO NOGUEIRA
RIO DE JANEIRO, RJ – Escolhido como operador logístico da Olimpíada de 2016, os Correios não garantem a entrega de ingressos da competição para endereços que fiquem em locais considerados áreas de risco. O presidente da estatal, Wagner de Oliveira, afirmou nesta sexta-feira (30) que, se o serviço “fosse hoje”, moradores desses locais teriam de buscar os tíquetes em agências.
De acordo com Oliveira, os Correios têm acordos com secretarias de Segurança e a Polícia Federal para evitar a ação de quadrilhas que assaltam carteiros. Mas afirmou que não poderia garantir a entrega na situação atual -há no Rio uma série de conflitos entre facções criminosas que provocaram mais de 30 casos balas perdidas este ano. Os Correios vão entregar em casa os ingressos comprados pela internet.
“Tem diminuído os casos de roubo a carteiros. Não é fácil. Se tiver do jeito que está hoje, vamos ter que pedir para a pessoa ir buscar numa das nossas agências. Não tem jeito. Não é o correio que não entra lá. Ninguém entra lá. É complicadíssimo. Na Rocinha, que é um lugar delicado, temos uma agência de Correios lá em cima onde as pessoas vão buscar suas encomendas. Vamos tentar minimizar as dificuldades. Mas se hoje fosse maio de 2016, realmente teriam de ir buscar numa agência nossa”, disse o presidente da estatal, durante cerimônia de assinatura de contrato com o comitê organizador da Olimpíada.
O diretor comercial da Rio-2016, Renato Ciuchini, afirmou que os Correios foram escolhidos por ter a alternativa à entrega em domicílio.
“Um dos motivos que nos levou a escolher os Correios foi justamente esse. Têm esse serviço alternativo. Outras empresas de logística não têm essa capilaridade”, disse Ciuchini.
Os Correios serão os responsáveis pela logística de armazenamento e entrega de todos os equipamentos dos Jogos, desde esportivos a mobiliários das vilas olímpicas.
No total, serão 30 milhões de objetos armazenados em três galpões e distribuídos para os locais de competições. Há, por exemplo, 8.400 petecas a serem usadas nas competições e treinos de badminton.
Além da entrega de ingressos, alguns de equipamentos esportivos também preocupam o setor de segurança. Haverá 1.632 movimentações das cerca de 500 armas de fogo que serão usadas nas disputas de tiro. Eles serão supervisionados pelo esquema de segurança do comitê organizador.
Também é considerada um “deslocamento especial” as 8.618 amostras de antidoping, desde as arenas até o laboratório de análise.
Os Correios assinaram no ano passado contrato de patrocínio de R$ 300 milhões com o comitê organizador. Pelo serviço de logística, a estatal vai receber R$ 188 milhões da entidade.
A operação vai exigir a contratação de 2.000 funcionários temporários, ao custo de R$ 37 milhões. Há cerca de 200 servidores que já atuam no planejamento do trabalho.