Richard von Weizsäcker, o ex-presidente que esteve no governo do país no período da reunificação da Alemanha e era considerado uma das principais autoridades morais do país no pós-guerra, morreu neste sábado (31), aos 94 anos, segundo a Presidência da Alemanha. Membro da União Democrata Cristã (CDU), mesmo partido da atual primeira-ministra, Angela Merkel, Weizsäcker teve papel importante na maneira como a Alemanha lidou com seu passado nazista. Ele foi o primeiro líder do país a afirmar que o 8 de maio de 1945, dia da vitória dos Aliados na Alemanha, foi um dia de “libertação”, e não de derrota de seu país.

Presidente entre 1984 e 1994, tendo como primeiro-ministro Helmut Kohl, Weizsäcker foi “uma testemunha do século”, disse em comunicado oficial o atual presidente, Joachim Gauck. “Perdemos um grande homem e um chefe de Estado excepcional”, afirmou. Weizsäcker, cujo pai diplomata foi condenado no tribunal de Nuremberg por suas atividades durante o regime nazista, trabalhou para que os alemães assumissem seu passado e deu dimensão moral à função presidencial – um cargo basicamente honorífico, na Alemanha.

Em 1985, no 40º aniversário da derrota dos nazistas, disse no Congresso que o 8 de maio havia marcado “a libertação de um sistema que desprezava a dignidade humana”. Por essa época, parte da direita alemã ainda lamentava a derrota do país na Segunda Guerra Mundial. Advogado por formação, Weizsäcker também foi prefeito de Berlim ocidental entre 1981 e 1984. Em sua presidência, ocorreu a queda do muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, e a reunificação das duas Alemanhas, em 3 de outubro de 1990.