SÃO PAULO, SP – O nível de armazenamento de água no sistema Cantareira permaneceu estável pelo sexto dia seguido. De acordo com boletim da Sabesp, o reservatório operava, na manhã deste sábado (31), com 5,1% de sua capacidade – que já inclui a segunda cota do volume morto (água do fundo que não era contabilizada).
O complexo de represas abastece 6,2 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista.
Ainda segundo a companhia de saneamento, o índice de pluviometria do dia no sistema foi de 0,4 mm.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou na tarde de sexta-feira (30), em Brasília, que não pretende usar a terceira cota do volume morto do sistema Cantareira, o principal da Grande SP e próximo a um colapso completo.
Ele também diz não haver necessidade imediata de rodízio de água no Estado.
Na quinta-feira (29), a Sabesp também havia informado que não há nenhuma decisão sobre a implantação de um rodízio na região da Grande São Paulo. Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que a projeção do governo paulista é de iniciar um racionamento de água até a primeira quinzena de abril, quando termina o período de chuvas na região Sudeste.
Alckmin destacou ainda que o governo estadual optou pela redução da pressão que evita o desperdício de água ao longo do sistema de distribuição. “Optamos pela válvula redutora de pressão porque com ela você não zera o sistema. Não zerando o sistema, diminui o risco de contaminação porque se mantém o sistema sob pressão. Isso é feito há décadas. Porque se diminui a pressão e evita perdas invisíveis”, defendeu.
ADAPTAÇÃO
Com a crise hídrica, hospitais de ponta de São Paulo estão abrindo ou reativando poços artesianos, terceirizando serviços de lavanderia e investindo em sistemas de reúso e de economia de água. Já na maioria dos hospitais e postos públicos a principal carta na manga são os caminhões-pipa prometidos pela Sabesp caso a água falte.
Donos de restaurante também já mudaram alguns hábitos no oferecimento de seus serviços. Antevendo dias difíceis de seca, Marie-France Henry, dona de um dos restaurantes mais tradicionais de São Paulo, o francês La Casserole, já traçou um plano de contingência para atravessar o provável racionamento.
Ela já adquiriu um serviço de mesa com pratos, talheres e taças descartáveis de primeira qualidade – que, à primeira vista, não parecem de plástico – caso a louça do bistrô sexagenário não possa mais ser lavada por dias.
“Não tenho receio da reação da clientela. Se existe algo aparentemente democrático neste momento é a falta de água”, afirma ela à reportagem. “A gente conta com uma maior compreensão e liberdade para tomar iniciativas que, em tempos normais, jamais cogitaríamos.”