SÃO PAULO, SP – O brasileiro José Graziano da Silva, 65, atual diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), será candidato único às eleições do órgão em junho, de acordo com comunicado oficial da organização divulgado neste domingo (1º). Com o prazo para apresentação de candidaturas encerrado no sábado (31), o governo brasileiro se tornou o único a apresentar um nome e, assim, Graziano deve ser reeleito para novo mandato de quatro anos (2015-2018). A eleição ocorrerá entre 6 e 13 de junho durante a 39ª Conferência da FAO. A votação será secreta. O candidato precisará obter maioria simples para ser eleito, e cada país-membro tem direito a um voto; estatutariamente, os diretores-gerais da organização podem permanecer no posto por dois mandatos consecutivos. Eleito pela primeira vez em junho de 2011, Graziano foi o primeiro latino-americano a ocupar esse cargo nos 70 anos de existência da FAO. Na ocasião, venceu, com apenas quatro votos de diferença, o então candidato Miguél Ángel Moratinos, ex-ministro das Relações Exteriores da Espanha. Agrônomo graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e doutorado pela Unicamp, José Graziano da Silva é autor de estudos sobre a questão agrária no Brasil. Entre 2003 e 2004, atuou no gabinete do então presidente Lula como ministro extraordinário de Segurança Alimentar e Combate à Fome, sendo considerado ‘pai’ do Programa Fome Zero. Curiosamente, Graziano tem cidadania tripla: nasceu em Urbana, cidade do Estado norte-americano de Illinois, de pais brasileiros de origem italiana. REELEIÇÃO PRIORITÁRIA Em dezembro, seis meses antes das eleições de junho, diplomatas brasileiros foram orientados pelo Itamaraty a reservar tempo em suas agendas e fazer campanha pela recondução de Graziano à direção da FAO. Embaixadores foram orientados a angariar votos em encontros com ministros da Agricultura e das Relações Exteriores em países em que atuam. Mesmo dentro de um quadro marcado pela contenção de despesas no Itamaraty, a força-tarefa do governo brasileiro não mediu recursos pela reeleição de Graziano e também montou, em Brasília, uma coordenação com esse propósito chefiada pelo diplomata Julio Cezar Zelner Gonçalves, ex-cônsul-geral em Paris. Os esforços do governo renderam frutos e, em reunião no dia 28, na Costa Rica, onde a presidente Dilma Rousseff esteve presente e discursou pedindo a retirada do embargo dos EUA a Cuba, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) terminou por apoiar a reeleição do brasileiro. Em campanha nessa reunião do Celac, Graziano declarou que “erradicar a fome é uma meta ambiciosa, mas não um sonho impossível” e também previu que a América Latina e o Caribe devem erradicar a fome até 2025. Segundo ele, “este é o primeiro passo para a superação da pobreza extrema e para o desenvolvimento sustentável e inclusivo que queremos”.