GABRIELA GUERREIRO E MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF – Adversários na disputa pela presidência do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) fizeram neste domingo (1) um último apelo aos senadores em busca de votos para se elegerem ao comando da instituição. Os dois discursaram por cerca de 20 minutos, cada um, na sessão que vai escolher ainda hoje o novo comando da Casa.
Candidato independente, sem o apoio do PMDB, Luiz Henrique fez uma série de ataques velados ao colega de partido. Apresentando-se como candidato da “mudança”, capaz de melhorar a imagem do Senado perante à população, o peemedebista cobrou maior democratização do acesso aos cargos e às decisões tomadas na Casa.
No discurso, Luiz Henrique disse que decidiu sair candidato ao comando do Senado atendendo ao “sentimento” manifestado pelas ruas -que na época das manifestações pediram o “Fora Renan”. Também disse ter recebido mensagens “aflitas” da população, com pedidos para mudanças de rumo no Congresso.
“A nossa candidatura acendeu a partir desta Casa essa chama popular de uma nova confiança e de uma nova esperança, pois foi esse clamor que me trouxe para esta tribuna e para este desafio”, disse. “Minha eleição não significará a derrota de ninguém. Significará uma vitória da democracia”, completou.
Em um recado direto a Renan, Luiz Henrique afirmou que o presidente do Congresso não pode fazer indicações políticas para ministérios ou empresas estatais. Aliado do Palácio do Planalto, Renan tem afilhados políticos indicados pelo peemedebista no Executivo, apesar de o PMDB ter perdido espaço no segundo mandato de Dilma Rousseff, o que irritou a sigla.
“Quando o presidente do Congresso Nacional se verga para pedir favores ao Executivo, ele perde a autonomia necessária para estabelecer esse diálogo construtivo com o governo”, disse Luiz Henrique.
Ao pregar a independência do Legislativo, o candidato independente disse que os poderes devem ser “harmônicos”. “Não serei um presidente submisso. Mas não serei jamais um presidente antagônico”, afirmou.
Assim como Renan, Luiz Henrique defendeu a aprovação da reforma política, com a discussão de temas como o fim da reeleição e o financiamento das campanhas eleitorais.
DEFESA
Atual presidente do Senado, Renan fez um balanço de sua gestão, apresentando números e compromissos que afirma ter cumprido nos dois anos de mandato. O senador disse ser direito do PMDB indicar o nome do candidato à presidência por reunir a maior bancada da instituição.
Renan disse que não “precipitou” sua candidatura para incluir os novos 27 senadores empossados neste domingo no processo de sucessão do comando do Senado. O peemedebista oficializou somente na sexta (30) sua candidatura, embora nos bastidores estivesse articulando o seu nome desde o final do ano passado.
“Agora, estou depois de indicado pelo meu partido, em condições de pedir aos meus pares o apoio e a solidariedade para concluir a administração sob a qual venho recebendo o reconhecimento de muitos”, afirmou.
Renan prometeu cumprir o “mandamento” da independência entre os poderes, por considerá-la necessária à governabilidade do país. O senador fez o tradicional balanço de sua gestão, apresentando números economizados no Senado nos últimos dois anos.
Em um recado a Luiz Henrique, Renan disse que o Senado foi a instituição que mais deu resposta ao país durante as manifestações populares de junho de 2013.
O atual presidente do Senado disse que “renovar é um verbo, não um nome”, em mais um recado para o adversário. “É preciso assegurar o respeito ao divergente e ao contraditório. Antes ser crivado pela crítica do que ser arruinado pela bajulação”, disse Renan.
O peemedebista defendeu a aprovação da reforma política, que deve ser submetida a referendo popular depois de analisada pelo Congresso. Também disse que o país vai enfrentar “dias difíceis”, mas com a capacidade de administrar os problemas. “Eu não quero ser regente de nada. Me coloco aqui para ser presidente do Senado Federal. E comigo, a presidência do Senado continuará como sempre foi em todos os dias desses últimos dois anos, sendo uma presidência coletiva”, afirmou.