Em tempos de alertas econômicos e aumentos de preços, qualquer contenção é bem-vinda. E quando se fala em corte de gastos no orçamento familiar, aquelas saidinhas aos finais de semana como, restaurantes, bares, cinemas, shows e peças de teatro, são as primeiras a entrar na fila de cortes do orçamento. Isso nos faz refletir sobre o caro e o barato. O supérfluo e o essencial. Em tempos assim, as atividades culturais, muitas vezes, deixam de consumir parte do orçamento familiar e dão vez a outros itens considerados essenciais. Mas, afinal, para se ter acesso a eventos culturais, sempre há um custo? Há opções gratuitas e de qualidade?
Em Curitiba, o cenário encontra-se em ascensão, pois o curitibano está mais aberto a consumir cultura e tem procurado diversificar suas atividades de lazer e entretenimento. Os grandes shows nacionais e até mesmo internacionais vêm com mais frequência para a cidade, assim como importantes exposições de artes e peças de teatro. Junto a isso, o que vem aumentando também é a quantidade de eventos culturais gratuitos, em diversos períodos do ano. Da apropriação dos espaços públicos, com feiras gastronômicas e shows a céu aberto em praças e parques da cidade, chegando às apresentações de dança, teatro e shows que ganham evidência como o Festival de Teatro e a Virada Cultural, a capital paranaense oferece muitas opções de entretenimento gratuito para a população.
Em 2014, os projetos culturais da Lumen FM contribuíram para esse cenário espalhando gratuitamente por Curitiba diversos eventos de artistas locais e outros consagrados nacionalmente, com grande receptividade do público e uma ótima procura por parte das empresas manifestando interesse em promover cultura gratuita por meio do apoio da emissora.
Projetos como o Menu Musical, que promove, desde 2009, música instrumental ao vivo de forma gratuita, serviram de modelo para a emissora realizar outros eventos na capital paranaense. Isso só tem sido possível porque há um bom publico consumindo esses produtos culturais, bem como empresas parceiras que possuem interesse em movimentar a cena cultural e apostam nesse tipo de projeto, tornando-os viáveis e concretizando o objetivo de levar música, cultura e informação para as pessoas.
Mas ainda há muito para ser feito no sentido de movimentar esse cenário possibilitando que os agentes de cultura sejam, cada vez mais, facilitadores do acesso às manifestações artísticas gratuitas e de qualidade. Para planejar um projeto cultural e transformá-lo em realidade, é necessário contar com parceiros que tenham interesse neste tipo de atividade e, também, encontrar apoio no poder público. Algo que considero um desafio diário para os produtores culturais de qualquer região do País. A tríade: promotores de eventos, empresas parceiras e poder público, precisam perceber, cada vez mais, a importância e os benefícios que o acesso gratuito às atividades culturais traz para a cidade. É importante que haja muito mais união entre essas três frentes para procurar desenvolver variadas formas de se viabilizar esse tipo de evento.
A cultura deve ser algo acessível para a população. A boa música, as exposições de artes, os grupos de teatro e de dança, enfim, as manifestações artísticas e culturais como um todo precisam ser valorizadas, bem como os profissionais destas vertentes. E já existem formas de se valorizar tudo isso ao mesmo tempo em que se possibilita o fácil acesso às pessoas. Elas também precisam se ‘alimentar’ de cultura. Conhecer o que está sendo produzido na sua cidade e fora dela. Isso é repertório, é conhecimento, é bagagem criativa para que as pessoas possam desenvolver senso crítico, possam criar mais em suas atividades profissionais e até mesmo pessoais. A cultura gratuita trabalha a formação de plateia e tem um papel de inclusão social que colabora para a formação do indivíduo.
Cada vez mais, a cidade ventila com novos olhares sobre o que é e o que pode ser considerado um produto cultural. O cenário está em ascensão e os curitibanos estão mais abertos ao consumo da cultura gratuita. Portanto, espero que em 2015 esses bons exemplos de ações realizadas possam se repetir e se multiplicar pela cidade.

 Thais Barbar é gestora de projetos da Lumen Comunicação