Preços mais baratos, indisponibilidade nas lojas locais ou a vontade de ter algo que ainda não chegou ao varejo brasileiro assim que for possível. São esses os principais motivos que levaram quatro em dez brasileiros a comprarem em sites estrangeiros em 2014, segundo dados do relatório WebShoppers 2014, divulgado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomercioSP). No ano passado, o número de remessas vindas do exterior cresceu 3,7%, para 21,6 milhões, segundo a Receita. De 2012 a 2013, a expansão havia sido de 44%.
Ao todo, os compradores gastaram R$ 6,6 bilhões no comércio eletrônico estrangeiro, com valor médio de R$ 450 por compra. Os setores preferidos foram os de Moda e Acessórios (33%), Eletrônicos (31%) e Informática (24%), e mais da metade das compras aconteceram em sites chineses. Sozinho, o AliExpress com, do grupo Alibaba, teve 50% das compras. Apesar dos valores expressivos, de acordo com a pesquisa, a taxa de satisfação e fidelização dos consumidores é consideravelmente baixa: 23% para os sites de todo o mundo — o número cai para apenas 13% quando só os sites chineses são levados em consideração.

“Muitos consumidores afirmam não receber os produtos no prazo pedido — isso quando conseguem recebê-lo. Além disso, há uma insatisfação geral com tamanhos e qualidade do produto, uma vez que a maioria dos sites fazem réplicas”, diz Pedro Guasti, presidente da comissão de comércio eletrônico da FecomercioSP.
É o que aconteceu com a artista plástica Selina Castro, que comprou uma máquina de fazer tatuagens no AliExpress, da chinesa Alibaba, que serve como plataforma de comércio entre os clientes e lojas de terceiros. O pedido nunca chegou. Mesmo sendo um pedido de valor baixo (cerca de R$ 100), Selina teve problemas para conseguir o estorno da transação no cartão – apesar do site estar (mal) traduzido em português, as reclamações tiveram de ser feitas todas em inglês. “Foi uma das piores coisas que eu fiz na vida”, conta.

A empresa se defende dizendo que recentemente colocou à disposição um canal de comunicação em português para os brasileiros. “Reembolsos e trocas são possíveis, mas fazem parte de acordo entre vendedor e comprador. Se o item não chegar a tempo, o cliente deve ainda pedir o estorno da transação”, diz Pamela Munoz, gerente de comunicação internacional do grupo Alibaba.
O advogado Omar Kaminski também alerta para o alto custo da entrada na Justiça. Além de enfrentar o problema de ter de localizar a empresa no exterior, ainda será necessário fazer traduções juramentadas e esperar no mínimo seis meses para o primeiro julgamento. “É interessante pensar no custo benefício da operação, e, antes da compra, verificar se a empresa tem sede no Brasil e qual seu histórico de resoluções de problemas”, recomenda.

Dicas para efetuar uma compra segura
Compre com fornecedores ou vendedores conhecidos e de confiança

Verifique se o site disponibiliza claramente informações para contato e dados de localização

Informe-se sobre a política de troca e devolução de produto

Confira que tipo de produto pode ser importado

Livros, jornais e periódicos, em papel, não sofrem incidência de tributos

Presentes de pessoa física para pessoa física com valor aduaneiro acima de US$ 50 são tributados

Encomendas com alimentos podem sofrer fiscalização dos órgãos competentes, como Anvisa e

Ministério da Agricultura. Muitos deles não podem ingressar no país via correio

Bebidas serão verificadas pelo Regime Comum de Tributação. É necessário fazer Declaração de Importação por meio de Despachante Próprio pago pelo consumidor

Medicamentos, suplementos alimentares e produtos médicos passam pela fiscalização da Anvisa. Apenas medicamentos acompanhados de receita médica possuem alíquota zero de

Imposto de Importação
Produtos de marcas protegidas estão sujeitos a laudo do perito do licenciador para atestar a autenticidade. Caso seja constatado que o produto é falsificado, será apreendido pela Receita

É importante guardar os comprovantes de pagamento, contratos, anúncios, e-mails de confirmação de envio da encomenda e a cópia da página do site de compra

O consumidor deve guardar todos os documentos referentes às operações de câmbio e de nacionalização do produto por cinco anos para possível apresentação nos órgãos competentes, conforme legislação aduaneira

No ato da entrega da encomenda, o consumidor deve verificar se a mercadoria não está danificada. Caso seja constatado algum problema é necessário registrar a ocorrência na presença do agente de entrega (atendente na agência dos Correios ou carteiro)

Encomendas postadas no exterior podem ser reclamadas em até 180 dias a partir do dia seguinte ao da postagem. O consumidor deverá abrir um Pedido de Informação (PI) nos Correios para que o caso seja apurado