NICOLAS IORY SÃO PAULO, SP – O forte temporal que atingiu a capita paulista nesta quarta-feira (25) causou o desabamento de três casas na região de Vila Prudente, a mais castigada com a chuva. De acordo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura, no bairro da zona leste de São Paulo, choveu em poucas horas 110 mm -a metade do esperado para todo o mês de fevereiro.

O temporal provocou o desabamento de três casas em um mesmo terreno na rua Ibitirama após um deslizamento de terra, por volta das 17h. A dona de casa Andreia Daudaras Tomas da Silva, 45, estava em uma das residências com os dois filhos, Vinicius, 4, e Geovanna, 5, e conseguiu deixar o local antes de as paredes virem a baixo. “Escutei o barulho da terra e pedras caindo e abri a porta para ver. Só deu tempo de pegar as crianças e sair. Ficamos só com a roupa do corpo, nem os documentos conseguimos pegar”, disse Andreia. Ela levou os filhos para a casa da sogra, que também fica no mesmo terreno e teve parte da área de serviço destruída pelos escombros da outra residência. “Passamos a noite em claro, ninguém conseguiu dormir. A gente sentiu na pele aquilo que via na televisão, mas não acreditávamos que poderia acontecer com a gente. Agora vamos dar um jeito e começar tudo de novo”, disse. Técnicos da Defesa Civil estiveram no local nesta quinta-feira (26) e avaliaram que não há riscos de novos desabamentos por lá.

TRANSBORDAMENTO

Os moradores ainda enfrentam nesta quinta (26) problemas causados pelo transbordamento do rio Tamanduateí e do córrego Mooca. A Vila Prudente ficou em estado de alerta, a pior classificação conferida pelo CGE, por quase três horas. Na rua Pindamonhangaba, a água atingiu um metro de altura e uma árvore de grande porte caiu, interditando a via. A subprefeitura da região já foi acionada para realizar a poda e retirada dos galhos. Na queda, os cabos que levavam energia elétrica a uma casa se romperam cortando o fornecimento de energia. Ainda não há prazo para o restabelecimento, informaram os funcionários da Eletropaulo presentes no local.

O morador Claudemir Ferreira Leal, 55, afirma que já é a segunda vez que a água entra em sua casa somente neste ano, mesmo tendo instalado comportas na entrada. “A sorte é que a minha filha estava em casa para me ajudar, se não, já era tudo. Sempre fico preocupado se vou conseguir voltar para casa quando estou fora e começa a chover”, diz Leal, que é cadeirante e reclama da sujeira vinda das obras do monotrilho da zona leste, na avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello. A enchente também arrastou por cerca de 20 metros o carro de Oziri de Santana, 50, dono de uma transportadora. O dono do veículo, que ficou preso entre um muro e um poste, lamentava o prejuízo na manhã desta quinta (26). “É com esse carro que eu atendo meus clientes e não tenho dinheiro para arrumá-lo agora. Como vou trabalhar?”, indignava-se.