MARIANA CARNEIRO, ENVIADA ESPECIAL MONTEVIDÉU, URUGUAI – O presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, que deixa o governo neste domingo (1º), fez um discurso breve e emocionado em sua despedida, na praça Independência, em frente à sede do governo do país. Mujica se lembrou da infância e fez referência aos tempos de guerrilheiro. “Nossa democracia começou a ficar doente porque não havia nada para dividir, e, sem nos darmos conta, caminhávamos para a confrontação”, disse.

“Sofremos e fizemos sofrer e somos conscientes, pagamos preços enormes, mas seguimos vivos e serenos, aprendendo com a adversidade. Muito mais humildes e republicanos, porque nos ficou incrustada a ideia de que ninguém é melhor do que ninguém”. A multidão, com muitos jovens, ocupou menos da metade da Praça Independência, onde já está montada a estrutura para a cerimônia de posse de Tabaré, no domingo, com duas arquibancadas para os visitantes e um grande telão. As pessoas cantavam “olé, olé, Pepe, Pepe” e aplaudiam o presidente. Após o discurso, grupos permaneceram sentados na grama da praça, um deles fumava maconha (o que é permitido no país). O presidente eleito Tabaré Vázquez acompanhou o evento, além do vice de Mujica, Raul Sendic, e a esposa, Lucía Topolansky, que será candidata à prefeitura de Montevidéu. Para o casal Herson Sapone, 30, e a espanhola Noélia Vizuete, 24, a qualidade de vida melhorou no país e, graças a Mujica, o “Uruguai está na moda”. “Em meio à crise de liderança que vive o mundo todo hoje, Mujica se destacou porque foi o único a colocar amor na política. Ele não é um político profissional”, disse Herson.