SÃO PAULO, SP – O presidente da França, François Hollande, condenou neste sábado (28) o “odioso assassinato”, ocorrido na noite desta sexta-feira (27) em Moscou, do opositor russo Boris Nemtsov, 55, a quem qualificou de “valente defensor da democracia” em seu país.
“Boris Nemtsov era um defensor valente e incansável da democracia e um combatente contra a corrupção”, assegurou Hollande em comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu.
Da mesmo forma, o presidente francês apresentou suas condolências à família e ao entorno mais próximo do opositor russo.
Nemtsov, vice-primeiro-ministro de dois gabinetes russos em 1997 e 1998, durante a presidência de Boris Yeltsin, foi atingido por quatro disparos nas costas enquanto passeava por uma ponte moscovita próximo ao Kremlin, acompanhado de uma jovem procedente da Ucrânia, segundo confirmou o Ministério do Interior.
Após se desentender com Putin, que sucedeu Yeltsin, Nemtsov passou para a oposição e fundou organizações e partidos.
Em maio de 2012, Nemtsov foi um dos 120 presos por protestar na posse de Putin. Quatro meses depois, foi um dos organizadores de ato contra o governo que levou 10 mil pessoas às ruas de Moscou.
A polícia ainda busca suspeitos e não sabe o motivo do assassinato. Nos últimos meses, Nemtsov vinha trabalhando em um documento para tentar provar a participação russa no conflito entre o Exército e separatistas no leste da Ucrânia.
Moscou nega qualquer interferência nos confrontos, apesar de a Otan e a Ucrânia terem denunciado diversas vezes a entrada de tropas e armas russas no país vizinho.
Além do relatório, Nemtsov também era um dos organizadores de um protesto contra o conflito ucraniano, que seria realizado no domingo (1º). A manifestação será substituída por uma homenagem ao opositor.
Horas antes de sua morte, ele disse em entrevista a uma rádio que era difícil viver sob constante intimidação e pressão do governo russo.
“Há mentiras espalhadas por toda a parte e temos que ser muito fortes para suportar tudo isso. Eu sei disso por experiência própria.”
REAÇÕES
Minutos após o anúncio do assassinato, o governo Putin condenou a ação e levantou a hipótese de que o crime tenha sido encomendado, sem, no entanto, dizer por quem. “É cedo para tirar conclusões sobre a morte, mas já se pode dizer com uma certeza de 100% que foi uma provocação”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O presidente dos EUA, Barack Obama, que se encontrou com Nemtsov em 2009, pediu investigação rápida e imparcial. “O povo russo perdeu um dos mais dedicados e eloquentes defensores de seus direitos.”
Para o mandatário ucraniano, Petro Poroshenko, a morte não foi por acaso. “Nemtsov era uma ponte entre Ucrânia e Rússia e essa ponte foi destruída.”