SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Seap, secretaria que administra os presídios da Bahia, admitiu a realização de um churrasco entre presos na penitenciária Lemos Brito, conforme a Folha de S.Paulo revelou nesta segunda-feira (2).
Na unidade prisional, que abriga 1.315 homens e tem capacidade para 771, há denúncias de que líderes dos detentos possuem regalias como acesso a bicicleta ergométrica, segundo o Sinspeb, sindicato dos agentes prisionais do Estado.
Em nota publicada na tarde desta segunda, o superintendente de gestão prisional da Seap, major Júlio César Ferreira dos Santos, confirmou que houve churrasco dentro do presídio, mas disse que “os presos foram identificados e transferidos para outras unidades”.
Ele afirmou, ainda, que foi aberto um procedimento disciplinar para apurar o caso, “tanto com referência à postura dos internos bem como ao possível envolvimento de servidores”. O fato foi informado à Justiça e a apuração encontra-se em fase final.
Segundo a Seap, as denúncias do Sinspeb chegaram à pasta no ano passado e, “desde então, foram tomadas providências”. Houve vistorias em dezembro na Lemos Brito, mas, diz a nota, “não foram encontrados os materiais” citados na reportagem.
Questionado antes da publicação da reportagem, o governo baiano disse, de maneira geral, que havia nas denúncias “um pouco de exagero”, sem detalhar o que considerou equivocado. Também de forma genérica, citou haver no passado caso de fotos falsificadas, sem apontar quais seriam os casos irreais.
A Seap havia dito também que a Bahia “encontra-se em situação bem melhor do que os demais Estados” e que o complexo na qual Lemos Brito faz parte ganhará mais duas unidades prisionais.
Além da Lemos Brito, outros quatro presídios são considerados os de pior situação no país, segundo avaliação de representantes de entidades que monitoram o sistema carcerário ouvidos pela reportagem.
São eles o Complexo do Curado, no Recife, o Presídio Central de Porto Alegre, o presídio Urso Branco, em Porto Velho, e o complexo de Pedrinhas, no Maranhão. Além de superlotação e poucos funcionários, nestes complexos há registros de mortes violentas, livre atuação de facções e fragilidade física dos prédios.