CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) – O juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações envolvendo a Operação Lava Jato na Justiça Federal no Paraná, disse nesta segunda-feira (2) que a criminalização da lavagem de dinheiro evita que um “político desonesto” ganhe vantagens no mundo “extremamente competitivo” da política. Moro citou ainda a série de TV “Breaking Bad” para reforçar a tese de que os criminosos sempre procuram especialistas em lavagem de dinheiro para praticar esse tipo de delito. As declarações foram dadas em uma palestra para alunos de um curso da Escola da Magistratura Federal do Paraná. Segundo o juiz, a lavagem é “o crime do momento” não só no Brasil e que o assunto precisa ser mais estudado. O magistrado, que se especializou no estudo sobre a lavagem de dinheiro, disse que a criminalização dessa prática estabelece uma “barreira entre o mundo do crime e o mundo fora do crime”. Sem mencionar nenhum caso específico, ele citou como exemplo: “Dentro de um regime democrático, um agente político muitas vezes precisa ganhar apoio popular para suas ideias. E, como normalmente em uma democracia de massas se faz necessário grandes dispêndios para transmitir essas ideias, também um político desonesto dentro do âmbito político tem vantagens que um político honesto não tem”. Da mesma maneira, disse ele, uma empresa que usa recursos sujos ganha vantagens indevidas de competitividade no mercado. Em novembro do ano passado, o juiz mandou prender altos executivos das maiores empreiteiras do país. Parte continua detida. Em uma palestra de mais de uma hora, Moro, que não dá declarações à imprensa, abordou ainda o julgamento no Supremo Tribunal Federal da ação penal “vulgarmente chamada de mensalão”. Ele procurou explicar as diferenças entre as acusações de lavagem de dinheiro contra o ex-deputado João Paulo Cunha e o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto, que tiveram resultados de julgamento distintos.