Quem andou pela região central nas últimas duas semanas já pôde notar a diferença no movimento. É que com o fim do Carnaval e a volta às aulas o movimento, mesmo de noite, é grande. Uma das justificativas para este fato é que cada vez mais universitários procuram estudar no centro de uma grande cidade por conta das facilidades de alimentação e de transporte público, e também de escolas de enisno superior.

Um levantamento feito pela reportagem do Bem Paraná apontou que existem hoje pelo menos 10 instituições de ensino superior no Centro de Curitiba, com uma oferta de 47 cursos diferentes — de licenciatura, bacharelado e de tecnologia.

Um dos grandes apelos para o estudante que mora na periferia ou na Grande Curitiba é a presença de dois terminais de ônibus — o Guadalupe, principal ligação da Capital com os municípios da Região Metropolitana, e a Praça Rui Barbosa, que abriga ônibus da linha expresso, ligeirinhos e convencionais, ligando o centro à maior parte dos bairros mais periféricos.

Esse é um facilitador, especialmente para que estuda de noite, quando as aulas normalmente terminam entre as 22 e 23 horas. Logo, quanto mais fácil for o acesso ao transporte público, melhor para o estudante. É bom estar estudando na Praça Santos Andrade. É um local cômodo, pois facilita o deslocamento e a alimentação. Como moro em São José dos Pinhais, apesar do tempo de viagem, uso um ônibus que para perto, conta Giovanny Padovam, de 17 anos, que começou neste ano o curso de Direito na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Já a estudante Rachel Simplício veio de Fortaleza para começar o curso de Pedagogia em Curitiba. As aulas começaram no último dia 23 e a jovem de 25 anos decidiu estudar na UP por causa da localização do novo câmpus. Eu colhi informações de que a instituição era muito boa e optei por estudar nela. Quando soube do novo câmpus, foi uma facilidade, já que preciso pegar apenas um ônibus e posso até acordar um pouco mais tarde, conta.

A Universidade Positivo inaugurou recentemente seu novo câmpus, na Praça Osório. O local oferece sete graduações (Bacharelados e Licenciaturas), 60 pós-graduações e ainda abriga o Centro Tecnológico Positivo, com sete cursos, e a Universidade da Maturidade da UP, com cursos e projetos de Extensão voltados à terceira idade.

Vida — A presença destes estabelecimentos de ensino também dá vida ao comércio dos seus arredores, que acabam ficando abertos até mais tarde. São lanchonetes, restaurantes, cafés, que aproveitam a demanda de jovens a caminho da escola, muitas vezes saindo do trabalho que també é no Centro da cidade.

 

Estudo
Centro se reinventa

O processo que está reinventando a região central de Curitiba, inclusive, foi assunto do artigo Riachuello: da (in)visibilidade à gentrificação, de Andrei Mikhail Zaiatz Crestani, publicado na revista Observatório das Metrópoles. De acordo com a publicação, embora tenham dado início às cidades, os centros viveram um processo de degradação física por falta de investimentos. Esses locais, porém, são o ponto mais dinâmico da vida urbana, uma vez que reúnem grande diversidade de funções congregadas, e até mesmo por isso estão passando pelo processo conhecido como gentrificação, ou seja a recomposição social dos bairros antigos. Segundo Crestani, essa revitalização dos centros históricos tem como preocupação a eutilização dos edifícios na tentativa de dinamizar o comércio, gerar novos empregos e otimizar o uso da infraestrutura para alavancar a microeconomia.