No final de 2012, um crime ocorrido na Índia chocou o mundo. No dia 16 de dezembro daquele ano, Jyoti, uma indiana de 23 anos, foi estuprada por vários homens dentro de um ônibus em movimento e morreu 13 dias depois por conta de ferimentos sofridos no ataque. Os envolidos no caso foram condenados: quatro aguardam a execução de sua pena de morte, outro foi encontrado morto na cela em que cumpria a pena e um menor de idade cumpre três anos num reformatório.

O chocante caso, porém, parece não ter amolecido o coração dos criminosos. Em entrevista concedida para o documentário India’s Daughter (Filha da Índia), que vai ao ar na BBC no Dia Internacional da Mulher, Mukesh Singh, que dirigia o ônibus da gangue, fez comentários inacreditáveis, comprovando como as mulheres são tratadas com desprezo na Índia.

Segundo Mukesh, as mulheres são mais responsáveis por serem estupradas que os homens”. Para que esse tipo de crime não aconteça, diz ele, elas deveriam evitar usar as roupas erradas, nem sair tarde da noite ou frequentar boates e bares. Você não pode bater palmas com uma mão só, precisa de duas. Uma garota decente não vai perambular por aí às 9h da noite. Um menino e uma menina não são iguais. Cuidar da casa é para garotas, não ir para boates fazer as coisas erradas. Cerca de 20% das garotas são boas”, diz.

Sobre o ataque, Mukesh afirma que tudo não passou de um acidente, já que o intuito era ensinar à jovem de 23 anos uma lição. Ela, porém, cometeu um grande erro, segundo um de seus agressores: ter se defendido. Ao ser estuprada, ela não deve lutar. Ela deve apenas ficar em silêncio e deixar que a estuprem. Em seguida, eles teriam a deixado de lado, depois de transar com ela, e só teriam batido no menino.