YURI GONZAGA, ENVIADO ESPECIAL*
BARCELONA, ESPANHA (FOLHAPRESS) – Assim como aconteceu no segmento de computadores, a Apple, quando perceber que seus processadores para smartphone e tablet estão defasados, passará a usar os chips da Intel –ao menos é nisso que aposta a presidente desta empresa, Renee James.
“Não sei quando, gostaria de poder prever”, disse em conversa com jornalistas no evento MWC de Barcelona, quando questionada pela reportagem sobre o tema.
Antes de adotar os processadores Core, da Intel, há cerca de dez anos, a Apple desenvolvia seus próprios chips –o que é exatamente o cenário hoje com o iPad e o iPhone, ainda que os componentes deles sejam terceirizados, inclusive para a rival Samsung.
Nesta semana, a empresa americana apresentou três novos chips para dispositivos móveis, chamados Atom x3, Atom x5 e Atom x7, com novidade na integração do componente que processa o sinal de celular e com foco na melhora de processamento gráfico.
Ao longo das suas apresentações, a Intel não parou de falar do mais barato dos lançamentos, o x3 (codinome Sophia), pensado para dispositivos de preço baixo, populares especialmente na China e na Índia.
Foi apostando nesse filão e fazendo parceria com empresas de notoriedade minúscula e volume de vendas maiúsculo, justamente nos citados mercados asiáticos, que a Intel se tornou no ano passado a maior fornecedora de microchips para tablets no mundo.
“A faixa de preço mais baixa é, na verdade, mais competitiva que as superiores”, disse James. Ainda assim, não se vê processador da Intel em smartphones do quilate de Samsung, Sony ou LG, por exemplo, companhias que apostam na tecnologia da britânica ARM, tida como econômica no quesito bateria.
“Nós inventamos o processador de baixo consumo, por isso fico louca quando falam que não somos capazes de fazer um chip que não demanda muito da bateria [como os da Qualcomm, que usa ARM]”, disse a executiva.
ERROS
“A Intel não se deu conta de que o nosso negócio era a computação [o que incluía smartphones e tablets], e não computadores”, disse James. “Foi um erro, e agora temos que correr atrás.”
Agora, a empresa bate o martelo no que acredita que sejam os futuro setores mais rentáveis na tecnologia: internet das coisas e vestíveis –estes últimos, que incluem óculos e relógios inteligentes, James disse que são “um segmento que a Intel quer definir”.
Durante a mesa, que tinha cerca de dez jornalistas latino-americanos, James disse que os países da região, especialmente o Brasil, não permitem que o “vigor” de um segmento seja suficiente para manter uma empresa estável, já que há muita flutuação no câmbio. “É muito cíclico. Parece a Rússia.”
De qualquer maneira, a empresa aumentou o investimento na região, com contratações nas equipes de desenvolvimento argentina e brasileira. “Não funciona se criarmos tudo nos EUA e exportarmos para lá, é [um mercado] diferente.”
*O jornalista YURI GONZAGA viajou a convite da Intel