O Congresso Nacional discute neste momento o projeto do Estatuto da Família, que visa defini-la como núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
A existência de um projeto deste tipo nos faz lembrar que a estrutura familiar nunca deixou de ser um assunto relevante nas sociedades modernas ao longo dos anos. Embora muito se fale que a família tradicional está acabando, o que está, de fato acontecendo, é uma profunda mudança em seu perfil estrutural.
Deparamo-nos todos os dias com a dificuldade em aceitar novos conceitos familiares que deixam as designações marido e esposa de lado, para abraçar outro entendimento dos termos. E isso implica também abandonar uma zona de conforto na qual temos a certeza de que sabemos onde estamos.
Se antigamente homens e mulheres tinham lugares e funções bem definidas e a eles cabiam os papéis de provedor e rainha do lar, hoje os modelos que se apresentam viram do avesso esses papeis. A família tradicional há muito deu espaço às famílias monoparentais, homoparentais, adotivas, recompostas, concubinárias, temporárias, de produções independentes e tantas outras, que falar sobre família atualmente sem considerar essas formações tem um alcance muito curto, quase nulo e distante da realidade.
Estas formações familiares distintas crescem representadas por jovens mães solteiras, homens sozinhos que criam os filhos, mulheres que recebem os enteados, avós que criam os netos, casais homo e heteroafetivos que lançam mão da adoção e assim por diante. Uma mistura feliz e amparadora, que está longe de decretar o fim da família.
Estamos presenciando um momento rico e múltiplo, que corresponde exatamente às mudanças de pensamento que temos atravessado nas últimas décadas.
Como unidade básica da sociedade, a família – com qualquer que seja sua estrutura – desempenha um papel imprescindível no viver coletivo. Papel esse, que abrigará sempre as responsabilidades compartilhadas de cônjuges ou de pais (biológicos ou não) por sua prole natural ou adquirida.

Sheila Rigler é coaching em relações humanas e pedagoga especialista em Psicomotricidade e Afetividade, é autora do livro Histórias de Uma Agência de Casamentos… Que não Deram Certo, onde relata experiências adquiridas ao longo de vinte anos à frente da agência de namoro e casamentos Par Ideal, em Curitiba