Muitos moradores do meio rural ganham a vida, não plantado e colhendo, mas dedicados às chamadas atividades não agrícolas. Por exemplo, trabalhando em uma indústria de confecções ou um abatedouro de aves; montando na propriedade um pesque-pague ou uma pousada para exploração do turismo; fabricando artesanalmente geleias e embutidos ou usando seus tratores e implementos para vender serviços a outros produtores da região.

Essa gama de transformações é tema do livro Ocupação e renda na nova ruralidade brasileira, autoria do pesquisador Antônio Carlos Laurenti, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar).

CONTENÇÃO DO ÊXODO – Uma das consequências da diversificação das possibilidades de ocupação e renda foi a contenção do esvaziamento populacional no campo. Laurenti estudou os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2001-2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o pesquisador, a população rural brasileira permaneceu estável no período Isso aconteceu, principalmente, devido à expansão do número de pessoas que passaram a desempenhar atividades não agrícolas, explica.

Essas transformações, que os pesquisadores denominam de novo rural ou nova ruralidade, configuram atualmente um triplo recorte socioeconômico do campo: o segmento da agropecuária comercial moderna, baseada na produção de commodities e totalmente conectado à agroindústria; outro bloco também voltado à produção agrícola, mas para o atendimento de nichos, caso do cultivo de plantas ornamentais, aromáticas e a produção orgânica de legumes e verduras; e, ainda, um núcleo que se dedica a atividades não agrícolas, como a prestação de serviços, lazer e moradia.

Laurenti acredita que, do ponto de vista econômico, a tendência é que a dicotomia entre rural e urbano desapareça em alguns anos, situação que passa a demandar políticas públicas que considerem o território como um todo. Assim como há pessoas ocupadas em atividades não agrícolas no campo, também há agricultura nas cidades, como é a produção de legumes e hortaliças no entorno dos grandes centros, conclui.

O livro Ocupação e renda na nova ruralidade brasileira custa R$ 20 e pode ser adquirido no endereço www.iapar.br.