MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Alvo das investigações sobre corrupção na Petrobras, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou a condução do processo pelo Ministério Público Federal ao dizer que é praxe do órgão ouvir as pessoas investigadas antes de apresentar o pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal.
Renan é um dos políticos que está no rol de pedidos de investigação apresentados pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot ao STF no rol da Operação Lava Jato.
“Eu só lamento que o Ministério Público não tenha ouvido as pessoas como é praxe pra que as pessoas questionadas possam se defender, apresentar as suas razões. Mas isso tudo é da democracia. Quando há excesso, quando há pessoas citadas injustamente, a democracia depois corrige tudo isso”, disse, nesta quinta-feira (5).
Renan voltou a dizer que as citações ao seu nome foram feitas, até agora, por terceiros e que está pronto para responder a qualquer questionamento “à luz do dia”.
Desde que seu nome foi publicado, o senador tem subido o tom contra o governo.
Como a Folha de S.Paulo mostrou nesta quinta, ele busca uma “blindagem” do Planalto para ter uma garantia de que, se a crise se agravar, terá apoio para seguir presidindo o Senado.
Segundo integrantes da cúpula peemedebista, o senador tem reagido ”acima do tom” nas últimas semanas porque quer a sinalização de que será protegido pelo Planalto e que o PT não defenderá sua saída.
CARGO
O presidente do Senado ainda defendeu que haja novas regras para a recondução ao cargo de procurador-geral da República, como a desincompatibilização do posto antes do período eleitoral.
“Nós estamos agora com o procurador em processo de reeleição para sua recondução ao Ministério Público. Quem sabe se nós, mais adiante, não vamos ter também que, a exemplo ao que estamos fazendo com o Executivo, regrar esse sistema que o Ministério Público tornou eletivo”, afirmou Renan.
Ele se referiu a Janot, que encerra seu primeiro mandato no cargo em setembro. Ele pode, no entanto, ser reconduzido ao posto caso a presidente Dilma Rousseff decida e o Senado aprove a sua nomeação.
Renan disparou a crítica durante a discussão de um projeto que exige que candidatos à reeleição para cargos do Executivo se desincompatibilizem de suas funções em até seis meses antes do pleito eleitoral.
Ao sugerir a mudança de regra, Renan acusou o ex-procurador Roberto Gurgel de liberar cerca de R$ 275 milhões para custear o auxílio-moradia de integrantes do MP.
“O último procurador, antes do doutor Janot -que tem uma excelente relação com essa Casa- no seu processo de eleição, pagou de uma só vez R$ 275 milhões ao Ministério Público de vários anos de ajuda moradia. É evidente que isso ajudou no próprio processo de recondução”, disse Renan no plenário do Senado.
Após a sessão, Renan afirmou a jornalistas que o caso por ele citado é “um absurdo” e precisa também ser investigado. Questionado se a menção ao ex-procurador era também uma referência ao processo de reeleição de Janot, Renan respondeu que tem “o melhor relacionamento” com ele.
“Nós temos com o procurador Janot o melhor relacionamento e eu estou comemorando e esse é o papel que me cabe, porque cada vez mais o Ministério Público é Ministério Público e o Legislativo é mais Legislativo. Eu acho que a democracia está indo muito bem. Esse é um momento de esplendor da democracia e o Brasil ganhará muito com tudo isso”, disse.