DANIELA LIMA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Integrantes do PSB afirmam que está “muito bem encaminhado” o desembarque da senadora Marta Suplicy (PT-SP) para a sigla. A petista vem se distanciando e atacando publicamente, desde o fim do ano passado, o partido no qual milita há mais de 20 anos.
Nesta quinta (5), antes de uma reunião do diretório pessebista em Brasília, integrantes da cúpula do partido fizeram um encontro em separado no qual deram como certa a migração de Marta para a legenda.
O avanço nas negociações foi registrado pelo jornal “O Estado de S. Paulo” nesta sexta (6). Procurado pela reportagem, o vice-governador do Estado, Márcio França, presidente estadual da legenda, nega que o acerto tenha sido oficializado e diz que ainda não se encontrou com Marta para falar do assunto. Nos bastidores, no entanto, integrantes da sigla confirmam que França e Marta já discutiram a mudança e que o PSB teria assegurado à petista que, se for para o partido, ela será a candidata da legenda à Prefeitura de São Paulo.
Marta e o PSB trabalham para não melindrar outras siglas que tinham acenado com espaço para a senadora. O Solidariedade, do deputado Paulinho da Força (SP), por exemplo, foi quem deu início às tratativas para a saída da senadora do PT.
Paulinho, França e o PPS têm um acerto para se unirem em torno da candidatura de Marta à prefeitura caso ela conclua a saída do PT para qualquer uma das três siglas. As conversas com o PSB também têm o apoio do governador Geraldo Alckmin (PSDB), que é aliado de França.
No lado petista, todos os esforços feitos até agora para conter a senadora naufragaram. Dirigentes da legenda em São Paulo telefonaram e escreveram a Marta nas últimas semanas, mas não foram atendidos. O clima de “divórcio” da petista com a legenda foi reforçado por artigo publicado por ela nesta sexta-feira (6) na Folha de S.Paulo.
No texto, Marta diz que o governo Dilma Rousseff (PT) conseguiu reunir todas as condições necessárias para a “levar a vaca para o atoleiro”: “a negação da realidade e trabalhar com as estratégias erradas”, escreve. A senadora diz ainda que a “roubalheira” na Petrobras é “sistêmica”, que a estratégia de culpar o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pelos desmandos parece “diversionista” e reforça o discurso da oposição de que Dilma mentiu durante a campanha eleitoral para se reeleger.
“Afunda-se o país e a reeleição navega num mar de inverdades, propaganda enganosa cobrindo uma realidade econômica tenebrosa, desconhecida pela maior parte da população”, diz. Ela afirma ainda que Dilma, em sua posse, em vez de fazer uma autocrítica, brindou a população com “mais um discurso de campanha”. “Parece brincadeira, mas não é”, arremata.
REDUTO
A senadora visitou na manhã desta sexta um de seus redutos eleitorais na capital. Ela esteve no Jardim Helena, na Zona Leste, periferia de São Paulo. Em sua conta em uma rede social, Marta disse ter feito um encontro com mais de 300 pessoas no local. “Revi amigos. Sai muito fortalecida. Feliz!”, escreveu.