MARIANA HAUBERT
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), irá apresentar na próxima semana um requerimento para convocar o ministro da Saúde, Arthur Chioro, para que ele explique a redução de médicos em quase metade das cidades que receberam profissionais do programa Mais Médicos.
Como a Folha de S.Paulo revelou nesta sexta, das primeiras cidades a receber profissionais do programa, 49% tinha, após menos de um ano, uma quantidade menor de médicos na rede pública municipal do que no dia em que os bolsistas chegaram.
Além disso, ao menos um de cada três médicos do programa trabalhava sem a supervisão prevista nas regras.
O cenário faz parte do resultado de uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União) de que 49% das cidades que aderiram ao Mais Médicos têm menos médicos contratados do que antes do programa.
Para o órgão de controle, o Ministério da Saúde não faz um monitoramento adequado “para assegurar que os municípios não substituam médicos que já compunham equipes de atenção básica pelos participantes do projeto nem que haja redução do número de equipes”.
“Se o Mais Médicos está tirando o número total de médicos dos municípios onde atua, então ele não tem sentido. Muda logo o nome do programa para ‘Menos Médicos'”, afirmou Caiado em nota.
“Chioro vai ter que explicar aqui no Senado por que o ministério está atuando contra a presença de médicos com diplomas das cidades do interior do país e por que o programa carro-chefe de sua pasta tem se mostrado inimigo da carreira de Estado para o médico”, completou.
O requerimento de convocação será apresentado na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado e precisa ser aprovado pelos demais parlamentares integrantes da comissão. Se for aprovado, o ministro é obrigado a ir ao Senado.
Na nota, Caiado acusou o governo de usar o programa para fazer “economia de caixa” nas prefeituras ao trocar antigos profissionais pelos participantes do Mais Médicos.
“O que o governo federal fez foi oferecer às prefeituras a possibilidade de fazer economia de caixa baixando a qualidade do serviço de saúde básica em troca do financiamento federal de uma mão de obra mais barata e de qualidade duvidosa. E sem supervisão, ainda por cima”, disse.