Mercados e supermercados do Paraná terão que contar com um espaço específico para a exposição de produtos especiais à venda, como alimentos sem açúcar (diets), sem glúten e lactose em sua composição. A medida entra em vigor amanhã e visa facilitar a vida de diabéticos, celíacos e pessoas com intolerância a lactose.

De acordo com o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, a mudança traz uma série de benefícios em relação à segurança alimentar e nutricional, pois dá mais tranquilidade ao consumidor na hora da compra.

A disposição desse tipo de alimento especial em prateleiras, gôndolas, corredores e até setores específicos evita a chamada contaminação cruzada, um problema que pode ocorrer quando o alimento livre de um determinado nutriente está em contato direto com outro produzido com o ingrediente contraindicado, explica.

A lei estadual 16.496/2010, que trata do assunto, foi regulamentada em setembro de 2014 e estabeleceu o prazo de 180 dias para que o comércio se adequasse a nova norma. A exigência vale apenas para os estabelecimentos comerciais que disponham de quatro ou mais caixas registradoras para atendimento aos consumidores. O chefe do Centro Estadual de Vigilância Sanitária, Paulo Costa Santana, explica que a fiscalização do cumprimento da lei começa já amanhã e ficará a cargo das equipes de vigilância sanitária dos municípios.

A presidente da Associação de Celíacos do Brasil – Sede Paraná, Juliana Werneck Gomes, afirma que a lei representa um avanço importante e era uma reivindicação antiga da comunidade. Estima-se que hoje tenhamos mais de mil celíacos no Paraná. São pessoas que precisam de uma alimentação diferenciada e nem sempre é fácil encontrar esses produtos no mercado, disse. Quem tem doença celíaca não pode consumir alimentos com glúten, uma proteína presente no trigo, centeio, cevada e malte. Já em pessoas com intolerância a lactose, o organismo não tem a capacidade de digerir o nutriente encontrado no leite e em derivados. No caso dos diabéticos, o vilão é o açúcar.

Mercado só cresce, mas preço ainda é alto

Os alimentos são sem açúcar, sem lactose e sem glúten, mas dão muito lucro nos últimos anos. O setor movimentou US$ 34,7 bilhões em 2014, 72,3% a mais do que o montante registrado cinco anos antes, em 2009, de acordo com levantamento da Euromonitor. O maior crescimento se deu no segmento destinado à intolerância alimentar, que saltou 211,5% neste mesmo período – passando de US$ 50,3 milhões para US$ 156,7 milhões.

Nos supermercados, já há muitas opções de produtos com redução de ingredientes como carboidrato, sódio, açúcar ou gordura – categoria que cresceu 48%, passando de US$ 4,9 bilhões em 2009 para US$ 7,2 bilhões em 2014.

E não é à toa o crescimento. O número de pessoas que precisam destes produtos especiais não para de crescer. No Brasil, há 12 milhões de diabéticos. dois milhões de celíacos (com intolerância ao glúten), fora que 40% da população têm algum nível de intolerância à lactose, segundo dados do Ministério da Saúde, copilados por organizações que cuidam das doenças.

Os preços ainda são, em média, 20% mais caros que os produtos normais, porque segundo os fabricantes, os insumos são, na maioria importados, o que encarece o produto.