O dólar opera em queda nesta segunda-feira (16), depois de atingir, na sexta, a maior cotação em quase 12 anos, em meio a incertezas sobre o futuro das intervenções do Banco Central no câmbio e a situação política e econômica do Brasil.

Por volta das 12h40, a moeda era vendida a R$ 3,2368, em baixa de 0,38%. Nesta segunda, os investidores também digeriam os protestos no domingo contra o governo da presidente Dilma Rousseff e a corrupção.

Segundo operadores, investidores se anteciparam às manifestações e correram para buscar proteção na sexta-feira, desmontando essas posições nesta manhã. Os gigantescos protestos de domingo ocupavam o centro das atenções, mas analistas não sabiam como avaliar o impacto para a situação política e econômica do Brasil.

Analistas do Eurasia Group defenderam que os protestos têm impacto “neutro” para as trajetórias de curto e longo prazo do Brasil, mas ressaltaram que os próximos meses devem ser palco de mais manifestações. “As maiores dificuldades do governo no curto prazo podem vir de trabalhadores que exigem benefícios específicos ou salários maiores”, afirmaram, em relatório.

No cenário externo, investidores em todo o mundo focam-se na política monetária do Fed (Federal eserve, banco central dos EUA), que divulga seu comunicado na quarta-feira. Espera-se que o banco central dos EUA descarte a promessa de ser “paciente” para elevar os juros, indicando que o aperto monetário pode ter início em breve.

Atuação do BC
No front doméstico, cresce a ansiedade para saber se o programa de intervenções diárias do BC brasileiro no câmbio será estendido além deste mês, em meio à intensa volatilidade recente.

“Tínhamos dois vendedores importantes de dólares no Brasil: os estrangeiros e o BC. Agora, parece que não vamos ter mais nenhum dos dois”, disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.

Nesta manhã, o BC deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a uma posição vendida de US$ 97,1 milhões. Foram vendidos 550 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.450 para 1º de março de 2016.

A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Atéagora, foram rolados cerca de 39% do lote total, que corresponde a US$ 9,964 bilhões.

Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 2,77%, vendido a R$ 3,249. Foi o maior valor de fechamento desde 2003, quando, no dia 4 de abril, a moeda fechou a R$ 3,2469, segundo dados do Banco Central.