BRUNO ROMANI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Nós vamos tirar o Android do Google”. A afirmação pode soar como mais uma bravata vinda de um empreendedor querendo chamar atenção. Mas, no caso de Kirt McMaster, autor da frase, ela expressa um objetivo real. O executivo está a frente da Cyanogen Inc., empresa que tenta combater o Android usando o Android e agora tem dinheiro para isso. Nesta segunda-feira (23), a companhia anunciou que recebeu US$ 80 milhões de investimento de um grupo formado por parceiros como Twitter, Telefonica e o magnata Rupert Murdoch. Em 2009, um programador chamado Steve Kondik criou uma versão modificada do Android. O objetivo era ter uma plataforma mais rápida e altamente personalizável. A CyanogenMod, como foi batizada, eliminava apps e recursos pré-instalados nos aparelhos e tentava tirar o melhor do hardware do aparelho. Na prática, o telefone ficava livre das amarras do Google, das operadoras e dos fabricantes. O projeto tinha código aberto e passou a receber contribuições de hackers e desenvolvedores. Logo tornou-se uma comunidade com bom número de seguidores. Em setembro de 2013, Kondik resolveu criar uma empresa para distribuir melhor a plataforma (e lucrar com ela). O surgimento da Cyanogen coincide com um momento em que o Google tenta exercer maior controle sobre o Android. O site “Information”, que afirma ter acessado supostos documentos internos da corporação, diz que a empresa está fazendo jogo duro com as fabricantes que desejam lançar celulares com o sistema operacional. O Google estaria demandando a presença de mais de seus apps e mais destaque para esses serviços. O número de apps exigidos pelo Google teria saltado de nove para 20. Já existe um grande mercado para o Android livre. A Cyanogen estima que 40% dos dispositivos vendidos no mundo rodam o Android sem as amarras do Google. A prática é comum na China. No ano passado, a start-up entrou no mercado indiano e esteve presente em um dos celulares mais comentados de 2014 entre os fãs de Android, o OnePlus One, criado pela companhia iniciante chinesa OnePlus. O aparelho desde o início só é vendido só pela internet por US$ 400. Desde o início do mês, ele pode ser comprado toda terça-feira sem necessidade de convite.