PEDRO SOARES E SAMANTHA LIMA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Conselheiros da Petrobras estão reunidos desde as 10h desta quinta-feira (26) na sede da empresa, no Rio de Janeiro, para avaliar uma nova metodologia proposta que permita calcular o valor a ser subtraído, dos ativos da empresa, como custo da corrupção.
Um número aceitável pelos auditores independentes –no caso da Petrobras, a PwC (PricewaterhouseCoopers)– seria confrontar o que disseram os supostos corruptores, ligados às empreiteiras, e corrompidos, ex-dirigentes da estatal, a respeito dos percentuais pagos em propina nos contratos fechados, dados em depoimentos à Justiça e em delação premiada na Operação Lava Jato.
Em reunião realizada em janeiro, quando Graça Foster ainda presidia a Petrobras, os conselheiros da empresa avaliaram e decidiram descartar metodologia proposta pela Deloitte e pelo BNP Paribas, contratadas pela estatal para a tarefa de chegar ao valor que deveria ser retirado dos ativos.
As contas por eles apresentadas, na ocasião, apontaram que os ativos sobreavaliados tinham valor real de R$ 88,6 bilhões acima do que era contabilmente registrado nos balanços.
Depois de exaustiva discussão, decidiu-se, na ocasião, por descartar o número. Parte dos conselheiros, porém, decidiu divulgá-lo, mesmo sem aplicá-lo, o que levou a um processo de desgaste da então diretoria junto ao Palácio do Planalto que resultou, uma semana depois, na saída de Graça e cinco diretores.
Naquela mesma reunião, foi aprovado um balanço não auditado do terceiro trimestre de 2014, divulgado sem qualquer baixa das perdas por corrupção e, portanto, sem aval da PwC.
Sem o número a ser baixado a título de corrupção, a PwC não vai auditar o balanço do terceiro trimestre e o anual de 2014.
Se essas demonstrações auditadas não forem aprovadas até o fim de abril, credores poderão começar a exigir o pagamento antecipado de dívidas da Petrobras, o que tornaria ainda mais difícil sua situação financeira.
A data também é o limite estabelecido para as demonstrações anuais da empresa, de acordo com as normas do mercado de capitais nos Estados Unidos, onde a Petrobras também negocia ações.
Pela legislação brasileira, o prazo para apresentação do balanço anual é 31 de março. O balanço trimestral auditado está atrasado desde 14 de novembro.