AGUIRRE TALENTO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Câmara dos Deputados vai pagar cerca de R$ 1 milhão para contratar a empresa de investigação Kroll para a CPI da Petrobras, com o objetivo de buscar ativos no exterior dos investigados no esquema de corrupção na Petrobras.
Contratada por uma articulação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é investigado na Operação Lava Jato, a Kroll vai atuar até o fim da CPI, que deve funcionar por cerca de seis meses.
O contrato foi formalizado nesta quinta-feira (26) por inexigibilidade de licitação, sob o argumento de que a Kroll é uma empresa especializada, e deve ser publicado na sexta (27) no Diário Oficial.
Segundo o presidente da CPI, Hugo Motta, serão buscados, dentre outros, recursos no exterior dos delatores da Lava Jato e que eventualmente não tenham sido declarados às autoridades brasileiras em seus acordos de delação premiada com o Ministério Público.
“O intuito não é cair as delações [se foram encontrados contas não declaradas nos acordos de delação]. É repatriar o dinheiro. Se a consequência for cair a delação, não mandei mentirem [às autoridades]”, afirmou Motta.
Ele disse ainda que, depois que a Câmara anunciou a intenção de contratar a Kroll, um escritório da Petrobras nos Estados Unidos também buscou contratá-la, o que provocaria conflito de interesses e não permitiria que a empresa atuasse para a CPI.
A Kroll foi envolvida em polêmicas envolvendo Daniel Dantas, sob acusação de violação de sigilo pessoal e empresarial de adversários do banqueiro, mas os acusados foram absolvidos em 2012.
Em 2004, a Folha de S.Paulo revelou que a Kroll interceptara e-mails de Luiz Gushiken, ministro de Comunicação do governo Lula, e gravara imagens de um encontro de Cássio Casseb, presidente do Banco do Brasil à época, com executivos da Telecom Italia num hotel em Lisboa.