GIBA BERGAMIM JR.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em meio ao tráfico de drogas constante, uma praça está quase pronta bem ao lado do fluxo de viciados na cracolândia, na Luz (centro de São Paulo). A gestão Fernando Haddad (PT), porém, está adiando a entrega da obra, ainda cercada por tapumes, por causa do crescimento da chamada favelinha do crack.
Em entrevista à reportagem, a secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, disse que a administração está “segurando” a entrega do local, que tem bancos de concreto e espaço para plantas, por causa do avanço do fluxo.
Como informou a Folha nesta sexta-feira (26), a secretária usou o termo “descontrole” para se referir ao cenário –o tráfico ocorre sob as barracas de lona montadas por dependentes e traficantes para “esconder” uma feira de drogas que ocorre ali.
A secretaria, porém, não informou qual seria o prazo de entrega previsto.
Ela diz que, embora o programa Braços Abertos -que dá moradia e R$ 15 por dia de trabalho aos viciados- tenha “se fortalecido”, o fluxo cresceu em decorrência do aumento do tráfico, que, segundo ela, não vem sendo combatido pela polícia.
“Redução de danos no meio do caos fica difícil”, disse Temer.
A PM rebate a declaração da secretária e diz que o combate é frequente. Nesta quarta-feira, a polícia fez uma apreensão de heroína na área.
Por causa da obra da praça, o ônibus da Guarda Civil Metropolitana equipado com câmeras que ficava ali foi transferido para a praça Julio Prestes, a poucos metros da futura praça.
“Quem você acha que vai usar essa praça? Os viciados”, disse um morador de um prédio que fica ao lado do fluxo.
De acordo com a secretária, a construção da praça é uma medida para tentar uma retomada pacífica e ordenada da praça. “A ideia é fazer uma ocupação boa, para socializar, dar dignidade, com colocação de bancos para as pessoas se sentarem e de sombras”, disse.
A Secretaria da Segurança Pública disse que a região “é uma das mais bem policiadas do Estado” -e que, em 2014, 378 pessoas foram presas na área. Afirmou que “o consumo de crack é um problema de saúde pública” e que “a PM dá suporte aos agentes sociais e de saúde”.