SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Arábia Saudita continuou nesta sexta-feira (27) os bombardeios contra cidades do Iêmen para tentar diminuir o poder de fogo dos milicianos houthis, aliados do Irã, que derrubaram o governo do país em janeiro.
A ofensiva militar acirrou a rivalidade entre os sunitas sauditas e o Irã, cujo regime é xiita assim como os houthis, e intensificou a instabilidade política no país mais pobre do Oriente Médio e berço da célula mais violenta da Al Qaeda.
Segundo moradores da capital Sanaa, os aviões sauditas atacaram bases da Guarda Republicana, aliada aos houthis, incluindo uma perto do complexo presidencial, além de uma instalação militar que abriga mísseis.
Houve bombardeios também à província de Sadah, dominada pelos milicianos xiitas, ao mercado na cidade de Kataf al-Bokaa, deixando 15 civis feridos, e à província de Áden, controlada pelos rebeldes no início desta semana.
Segundo o general iemenita Saleh al-Subaihi, 40% da defesa aérea do país foi destruída nos dois dias de bombardeio, incluindo radares. Também foi afetada a capacidade dos milicianos de enviar reforços para o sul do país.
Desde o início da ofensiva, os ataques aéreos mataram 39 pessoas, segundo o Ministério da Saúde iemenita. A intervenção militar saudita começou na quinta (26) e responde a um apelo do presidente Abdo Rabbo Mansur Hadi, deposto em janeiro.
Incapaz de enfrentar o avanço dos houthis, ele se escondeu em Aden por semanas antes de seguir para Riad na quarta, pouco antes dos bombardeios. No domingo (27), Hadi pretende pedir apoio à Liga Árabe para voltar ao poder.
REGIONALIZAÇÃO
A ofensiva foi lançada pelos sauditas, que fizeram uma coalizão com monarquias do golfo Pérsico, como Qatar, Kuait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, e também por países como Jordânia, Marrocos e Egito.
A ação militar recebeu o apoio da Turquia, dos Estados Unidos e do Reino Unido. Por outro lado, recebeu a condenação do Irã, principal aliado dos houthis, da Síria, da Rússia e da China. O alinhamento dos dois lados é igual ao da guerra civil na Síria.
Nesta sexta, clérigos nas mesquitas em Riad fizeram sermões inflamados contra os houthis e o Irã, descrevendo a luta como um dever religioso. O principal conselho clerical saudita deu sua bênção à campanha militar.
Na capital iraniana, Teerã, o aiatolá Kazem Sadeghi, que comanda orações na sexta-feira, descreveu os ataques como “uma agressão e ingerência nos assuntos internos do Iêmen”.
Segundo os especialistas, os ataques aéreos terão um efeito limitado sem uma intervenção terrestre. Esta intervenção, no entanto, é pouco provável devido aos riscos de escalada com o Irã e de ficar presos em um longo conflito.