LUCAS REIS SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de dez policiais militares armados arrombou a porta e invadiu uma emissora de rádio, na tarde desta quinta-feira (26), na periferia de Manaus. O problema é que o endereço da ocorrência policial estava errado. Por volta das 15h30, a rádio comunitária A Voz das Comunidades, na zona norte da capital do Amazonas, seguia com sua programação normal quando subitamente foi tomada por homens da PM, da Rocam (Ronda Ostensiva Cândido Mariano) e do COE (Centro de Operações Especiais), sem autorização judicial. Armados, entraram gritando no prédio, ordenando que os funcionários deixassem os estúdios. “Chegaram arrombando a porta e gritando, todos com arma na mão apontando pra gente. Disseram que tinha uma denúncia de cárcere privado”, conta a produtora Marlucia Fernandes, 44. Pelo menos 15 pessoas estavam na rádio, incluindo um bebê de cinco meses, além de convidados que participavam do programa ao vivo.

Poucos minutos após a invasão, os policiais notaram o equívoco. “Quando viram que era apenas uma rádio, ficaram olhando um para a cara do outro e começaram e pedir desculpas”, disse Marlucia. “Então simplesmente viraram as costas e foram embora.” No ar desde 2001, A Voz das Comunidades foi a primeira rádio comunitária legalizada no país. Transmite em FM para as zonas leste e norte de Manaus, regiões mais populosas da cidade, com cinco funcionários e uma programação que inclui prestação de serviços, música e programas religiosos. A direção da rádio informou que registrou um boletim de ocorrência e foi ouvida pela Corregedoria da PM.

A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas disse que o caso é de responsabilidade exclusiva da Polícia Militar. Em nota, a Corregedoria-Geral do Sistema de Segurança do Amazonas informou que abriu sindicância para apurar a denúncia e a conduta dos militares envolvidos. “Caso seja constatado transgressão policial, os mesmos responderão a procedimento administrativo disciplinar”. Também em nota, a Polícia Militar disse que recebeu denúncia de uma “possível ação de policiais militares que atuaram fora dos procedimentos operacionais padrão de abordagem policial” e que irá apurar o fato. “O comando da instituição não compactua e combate esses tipos de ações vindas de policias militares”.