Andreas Lubitz, 27, o copiloto acusado de ter derrubado deliberadamente um Airbus A320 da companhia alemã Germanwings, que caiu na última terça­feira (24) nos Alpes franceses e matou seus 150 ocupantes, disse a uma ex­namorada que estava em tratamento psiquiátrico e que planejava um grande gesto do qual todos se lembrariam dele. O jornal alemão “Bild” publicou neste sábado (28) entrevista com ela, uma mulher identificada apenas como Maria W., que afirmou ter mantido um relacionamento com Lubitz em 2014.

“Quando soube do acidente, lembrei de uma frase que ele me disse algumas vezes”, contou Maria, uma comissária de bordo de 26 anos. “Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele”, completou ela. “Na época, eu não sabia o que ele queria dizer com isso, mas agora é óbvio”, disse.

“Ele fez isso porque percebeu que, devido a seus problemas de saúde, seu grande sonho de trabalhar na Lufthansa, de ter o cargo de piloto em voos de longa distância, era praticamente impossível.” A mulher ainda disse que Lubitz nunca falou muito sobre sua doença, “somente que estava em tratamento psiquiátrico”. O porta­voz do Grupo Lufthansa, ao qual pertence a Germanwing, não quis comentar a notícia.

Os serviços de resgate da França realizam neste sábado o quinto dia de rastreamento na região dos Alpes franceses, onde o avião, que fazia o trajeto entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha), caiu. A Promotoria de Düsseldorf informou nesta sexta­feira (27) ter encontrado provas de que o copiloto Andreas Lubitz teria ocultado da Germanwings que sofria de uma condição médica não especificada pelos promotores.

De acordo com o jornal americano “The New York Times”, tratava­se de doença mental. Não foram divulgados detalhes. Segundo os promotores, os documentos eram um atestado médico que o afastava do trabalho e a prescrição de um tratamento para a doença. Os dois papéis foram encontrados rasgados dentro do apartamento de Lubitz, em Düsseldorf. Os investigadores afirmam que as prescrições foram feitas horas antes da queda do avião, o que sustenta a versão de que ele teria escondido a doença da Germanwings e de seus colegas de trabalho. Porém, a Promotoria negou a existência de qualquer prova de que o copiloto teria agido por motivação política ou religiosa, assim como não encontrou uma carta de despedida, comum em casos de suicídio.