SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Peritos franceses já isolaram o DNA de 78 das 150 pessoas que estavam a bordo do Airbus A320 da Germanwings que caiu nos Alpes franceses na terça-feira passada (24) -e matou seus 150 ocupantes-, segundo confirmou neste domingo (29) o promotor que comanda a investigação, Brice Robin. Nenhum passageiro foi identificado até agora, o que será feito posteriormente, em Paris, com a comparação das amostras recolhidas no local da tragédia com as quase 5.000 fornecidas pelos parentes, disseram fontes da investigação. Os trabalhos de resgate dos corpos dos passageiros no local do acidente continuam pelo sexto dia consecutivo neste domingo, com 50 voos de helicópteros diários para transportar as equipes de busca. A Gendarmaria instalou em Seyne-les-Alpes um posto com material de seu laboratório dos arredores de Paris para fazer a análise das amostras que chegarem da montanha. Posteriormente, os dados serão comparados em Paris com o DNA das famílias, o que permitirá identificar cada um dos ocupantes da aeronave. O promotor também afirmou que, para acelerar a investigação, será construído um caminho que leve até o local do acidente, o que permitirá substituir os helicópteros e agilizar as pesquisas. O ACIDENTE O jornal alemão “Bild” revelou neste domingo que Patrick Sondenheimer, o piloto do avião, pediu aos gritos para que o copiloto, Andreas Lubitz, 27, que teria derrubado deliberadamente a aeronave, que abrisse “a maldita porta” enquanto tentava arrombá-la, mostraram as gravações da primeira caixa-preta encontrada. Quando o copiloto, Andreas Lubitz, 27, já teria acionado o sistema de descida, e os controladores aéreos franceses tinham tentado, às 10h32, contatar sem sucesso o avião, a gravação registra o sinal de alarme automático de perda de altura. Imediatamente depois se ouve um forte golpe, como se alguém tentasse abrir com um chute a porta da cabine, e a voz do capitão gritando: “Pelo amor de Deus, abra a porta!”. ANSIEDADE Andreas Lubitz, que acumulava uma experiência de 630 horas de voo, sofria de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), segundo informou neste domingo o jornal francês “Le Parisien”. De acordo com a publicação, os médicos que o atenderam aplicaram injeções de olanzapina, que tem efeito antipsicótico, e recomendaram que Lubitz praticasse esportes para recuperar a autoconfiança. Lubitz também aparentava ter problemas com o sono, para o qual foi recomendado a usar o antidepressivo agomelatina. A promotoria de Düsseldorf informou nesta sexta-feira (27) que encontrou documentos médicos “que apontam uma doença e o tratamento médico correspondente” na casa de Lubitz e na de seus pais, na cidade alemã de Montabaur. O site do jornal alemão “Die Welt” informou na semana passada que agentes da polícia acharam vários remédios para tratar um grave “transtorno psicossomático” no apartamento em Düsseldorf. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (26), quando foi comunicado que as gravações permitem concluir que o copiloto derrubou intencionalmente a aeronave, que fazia o trajeto entre Barcelona (Espanha) e Düsseldorf (Alemanha), o promotor de Marselha qualificou as respostas do copiloto a seu comandante de “lacônicas”. Após decolar com atraso de Barcelona, o comandante tinha explicado ao copiloto, entre outras coisas, que não tinha tido tempo de ir ao banheiro, e Lubitz ofereceu assumir o comando da aeronave em qualquer momento. Depois do controle para preparar a aterrissagem o copiloto volta a oferecer ao comandante assumir o comando para que ele possa ir ao banheiro. Dois minutos mais tarde, Sondenheimer diz: “Pode assumir o comando”. Então é ouvido o barulho de uma cadeira e da porta se fechando. Exatamente às 10h29 o radar registrou a primeira diminuição de altitude do avião. PROBLEMA DE VISÃO O copiloto Andreas Lubitz, da companhia alemã Germanwings, teria um problema de visão. Segundo reportagem publicada neste sábado (28) pelo jornal americano “The New York Times”, Lubitz procurou tratamento para um possível problema de visão, que, se confirmado, poderia colocar em risco suas habilidades como piloto e, inclusive, fazê-lo perder o emprego. EX-NAMORADA Neste sábado, o “Bild” também publicou entrevista com uma comissária de bordo identificada apenas como Maria W., de 26 anos, que afirmou ter mantido um relacionamento com Lubitz em 2014. De acordo com ela, o copiloto planejava um grande gesto do qual todos se lembrariam dele. “Quando soube do acidente, lembrei de uma frase que ele me disse algumas vezes”, contou Maria. “Um dia eu farei algo que mudará o sistema, e então todos saberão meu nome e se lembrarão dele”, completou ela. “Na época, não sabia o que ele queria dizer com isso, mas agora é óbvio”, disse. “Ele fez isso porque percebeu que, devido a seus problemas de saúde, seu grande sonho de trabalhar na Lufthansa, de ter o cargo de piloto em voos de longa distância, era praticamente impossível.”