GIULIANA DE TOLEDO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Pharrell Williams, sim, tocou “Happy” e fez a multidão do segundo dia de Lollapalooza enlouquecer nessa ode à felicidade com letra de filosofia quase inocente.
A canção, famosa após entrar para a trilha do desenho animado “Meu Malvado Favorito 2”, encerrou seu show. Crianças convidadas da plateia o acompanhavam dançando no palco, fogos de artifício explodiam no céu, pedacinhos de papel voavam pelo ar. Felicidade pura para o público que lotou a área do palco Skol.
O ar infantil, no entanto, ficou de fora da maior parte do resto do show, marcado por músicas e danças bem mais sensuais. Cercado das dançarinas multiétnicas do grupo The Baes, Pharrell fez do seu show uma grande reverência às mulheres –tema do seu disco solo mais recente, “GIRL”, lançado no ano passado.
Por isso, no palco de Pharrell, as dançarinas não são só um cenário. São apresentadas nominalmente -o nome aparece gigante estampado no telão-, com tempo para um pequeno solo. As câmeras que transmitiam o show nos telões também estavam empenhadas na missão: Pharrell pouco aparecia em algumas músicas.
Anônimas -e anônimos- também foram venerados no palco. Duas canções, uma para os meninos, uns dez, outra para as meninas, umas, foram dedicadas a receber o público, que Pharrell escolheu apontando para que seus seguranças “pinçassem” os sortudos na multidão.
Com essas surpresas -não foram poucas as vezes em que Pharrell disse em cena “vamos fazer algo diferente”- o repertório manteve o público aceso durante todos os 85 minutos do show, mesmo quando as músicas eram da fase menos conhecida por aqui da carreira do rapper, caso de canções dos grupos The Neptunes e N*E*R*D.
Para ajudar, o som do palco também funcionou bem, no show anterior, da banda Foster The People, estava baixo do lado direito da plateia.
Como produtor de mão cheia, não faltaram também sucessos além de “Happy”. Antes de “Beautiful”, parceria sua com Snoop Dogg, lembrou que o hit foi inspirado no Brasil. “Eu e o Snoop Dogg, quando viemos ao Brasil pela primeira vez, achamos tão bonito”, disse. “Toda vez que eu ouço essa música eu imagino esse lugar lindo.”
Também parceria com Snoop Dogg, cantou a poderosa “Drop It Like It’s Hot”.
Logo depois, a sequência foi catártica: “Hollaback Girl” (produção sua gravada por Gwen Stefani), “Blurred Lines” (sucesso com Robin Thicke, recentemente envolvido numa briga judicial com a família de Marvin Gaye, que aponta plágio), “Get Lucky” e “Lose Yourself to Dance” (as duas sucessos com o duo francês Daft Punk) e finalmente “Happy”. Haja felicidade para o público.
PHARRELL WILLIAMS
HORÁRIO 20h30 (marcado para 20h15)
PALCO Skol
VISUA Pharrell, que desenha coleções para a Adidas, usou jeans da marca alemã (com o símbolo estampado bem grande na bunda). O figurino das suas bailarinas também promovia a marca. Pharrell entrou no palco de jaqueta jeans com estampas indígenas, mas logo a abandonou, mostrando uma camiseta preta com retrato do rapper Tupac Shakur (1971-1996). Quem esperava um chapelão na sua cabeça -ao estilo do que usou no Grammy do ano passado- se decepcionou. Escolheu uma boina discreta, verde militar.
QUANTO DUROU uma hora e 25 minutos -Pharrell perdeu 20 minutos de show: 15 de atraso na entrada e encerrou 5 minutos antes do previsto
QUANTO PODERIA TER DURADO esses 20 minutos desperdiçados cairiam bem ao público, em êxtase
O “CARA” NO SHOW alguém tem dúvida?