THAIS FASCINA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A menos de uma semana da Páscoa, o comerciante Zahi Ghneim afirma que nunca viu a pequena loja de doces no centro de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, com tantos produtos nas prateleiras. Por causa da inflação e da expectativa de vendas fracas neste ano, Ghneim decidiu comprar a mesma quantidade de mercadorias que vendeu no mesmo período do ano passado, sem ampliar estoques. Ainda assim, cerca de 50% do que adquiriu ainda não foi vendido. “Já posso considerar que essa é a pior Páscoa dos últimos anos”, afirma Ghneim, que é palestino e tem a loja desde 1982, quando se mudou para o Brasil. A expectativa é que a média de vendas de Páscoa no comércio paulista fique estável em relação à do ano passado, segundo levantamento da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo. Em 2014, os lojistas do Estado tiveram crescimento nas vendas de 2% na Páscoa em relação ao ano anterior, segundo dados da federação dos lojistas. Em 2013, a alta foi de 5%. “Os lojistas não investiram no estoque tanto quanto nos anos anteriores para esta Páscoa. O cenário já se mostrava ruim desde o ano passado [para as vendas]”, afirma Maurício Stainoff, presidente da federação. PAÍS De acordo com Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito), se as expectativas para a Páscoa se confirmarem, o país deve apresentar a primeira queda das no período vendas dos últimos seis anos. “O trabalhador já está perdendo poder aquisitivo desde o ano passado e, agora, houve aumento da inflação e piora nos dados sobre emprego no país”, afirma. Em 2014, as vendas no mesmo período no país cresceram 2,55% em relação às de 2013, abaixo das expectativas dos lojistas. É o menor crescimento dos últimos cinco anos. A Páscoa representa a primeira grande data de vendas para o comércio –funcionando como uma prévia para o Dia das Mães, considerado o melhor feriado para o varejo, e o Dia dos Namorados. A pesquisa, realizada anualmente pela SPC Brasil e pela CNDL (Confederação Nacional dos Lojistas), se baseia nas vendas durante os sete dias que antecedem o início do feriado de Páscoa, que neste ano será no dia 5 abril. TRABALHO TEMPORÁRIO Neste ano, o número de vagas oferecidas no país, entre varejo e indústria, aumentou apenas 1% em relação ao da Páscoa de 2014, para 84,4 mil (55% na indústria e 45% no comércio). Para Vander Morales, presidente do sindicato que representa trabalhadores temporários (Fenaserhtt/Sindeprestem), pode haver uma mudança do perfil das compras em razão da inflação. “Talvez, neste ano, as pessoas gastem com produtos mais baratos”, afirma. Ainda de acordo com Morales, a perspectiva de efetivação desses trabalhadores temporários este ano é quase zero. “As empresas costumam, em média, efetivar 6% dos trabalhadores temporários por ano. Mas, em 2015, a chance é muito pequena”, acrescenta.