PAULO ROBERTO CONDE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Por unanimidade, os conselheiros do Instituto Rumo Náutico vetaram projeto proposto pelo governo do Estado do Rio de que ele retomasse a retirada de lixo da Baía de Guanabara.
Na quinta-feira, o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, anunciou que estava tomada a decisão de contratar, em caráter emergencial (com dispensa de licitação), a ONG após uma reunião com atletas e membros do Comitê Organizador Rio-2016. Na ocasião, o secretário estava acompanhado de Axel Grael, fundador do instituto e atual vice-prefeito de Niterói.
O convênio seria orçado em R$ 20 milhões e teria validade de 18 meses. Há menos de um mês, o governo do Estado suspendeu dois programas dedicados justamente à coleta de resíduos flutuantes na Guanabara.
A questão é que Corrêa divulgou o acordo sem que o projeto tivesse passado pelo crivo do conselho do Rumo Náutico e pela aprovação de seu presidente, o multimedalhista olímpico Torben Grael.
Nesta segunda-feira (30), os conselheiros do instituto se reuniram e vetaram a parceria com o governo do Estado.
“Dos 12 conselheiros, dez compareceram. Houve uma apresentação preliminar do Torben, outro conselheiro deu um parecer jurídico e eu falei também. Somos conceitualmente favoráveis a um projeto desta natureza, mas não para nosso instituto operar. Não é nossa vocação”, afirmou Lars Grael, duas vezes medalhista olímpico e conselheiro do Rumo Náutico.
Confira a íntegra da nota oficial do Instituto Rumo Náutico
O Conselho Diretor do Projeto Grael/Instituto Rumo Náutico decidiu, por unanimidade, não assinar o contrato com a Secretaria de Estado do Ambiente para o projeto de gestão dos ecobarcos e ecobarreiras na Baía de Guanabara.
A decisão ocorreu na manhã desta segunda-feira (30), na sede do Projeto Grael, em Jurujuba/Niterói, com a presença dos irmãos Torben e Lars Grael, além de outros membros do Conselho.
A Diretoria reconheceu a capacidade técnica do Projeto Grael de gerir o programa, mas admitiu a possibilidade de riscos institucionais.
“Embora tenhamos condições para fazer uma gestão eficiente do projeto, desenvolvido pelo Axel (Grael), o Instituto deu sua primeira contribuição com a elaboração do programa de contenção e retirada do lixo flutuante”, acredita Torben, presidente do Projeto Grael.
Lars Grael apontou a relevância da gestão do lixo flutuante, tanto para as Olimpíadas quanto para após os Jogos.
“A ação do Projeto Grael não seria despoluir a Baía de Guanabara, mas uma medida para oferecer uma raia mais justa e igualmente competitiva para os atletas. Não é a nossa principal vocação gerir o projeto de coleta de lixo flutuante, mas nos manteremos à disposição do Estado, em prol de uma Baía mais digna para todos os usuários”, disse Lars.
Axel Grael, que produziu –sem custo– o estudo sobre a gestão do lixo flutuante na Baía de Guanabara e cedido à Secretaria Estadual do Ambiente, disse que o Instituto continuará contribuindo para a luta contra a poluição na Baía.
“Comecei a minha vida de militância ambientalista há 40 anos, lutando pela Baía de Guanabara, e continuarei fazendo. O Projeto Grael tem sido um importante canal de contribuição para isso, e é importante que continue a motivar os seus alunos a se engajarem nessa luta e que contribua sempre com as iniciativas de despoluição. Mas, isso deve ser feito dentro das vocações e das limitações institucionais da nossa organização. A decisão do Conselho Diretor do Instituto Rumo Náutico é prudente e correta”, finalizou Axel.