GIULIANA VALLONE NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – A cena é comum a quem quer que passeie por Nova York: um grupo de garotas se junta no meio da rua para tirar uma selfie. Sorridentes, elas se espremem para que todas apareçam na foto, tirada com a ajuda do popular pau de selfie. Tudo estaria bem não fosse o cenário escolhido para o retrato, um quarteirão da Segunda Avenida em que uma explosão seguida de incêndio deixou dois mortos e feriu outras 22 pessoas na quinta-feira (26), no East Village. Neste domingo (29), elas estamparam a capa do tabloide “New York Post”, sob o título “Idiotas do Village”. “Babacas egocêntricos estão tratando o local da explosão no East Village como atração turística”, dizia o texto do jornal. Ao passar pelo quarteirão que faz esquina com a rua Sete, em que três prédios desabaram como consequência da explosão, era perceptível o grande volume de turistas e curiosos reunidos atrás dos bloqueios policiais. Muitos faziam fotos com o celular e alguns arriscavam um autorretrato. O movimento era tanto que vizinhos passaram a escrever avisos contra as fotos. “Isso é uma tragédia, não uma atração turística. Tenha algum respeito”, lia-se em um deles. Quem teve coragem de publicar a foto nas redes sociais sofreu represálias. Foi o caso de Christina Freundlich, moradora do Estado de Iowa, que postou no Instagram uma selfie em que faz o sinal de “paz e amor” no local, com a legenda “Cena do Acidente.” Após uma enxurrada de críticas, ela apagou a foto e desculpou-se publicamente. “Foi desrespeitoso com aqueles que se feriram e com a cidade de Nova York”, disse em entrevista ao jornal “The Des Moines Register.” ACIDENTE A explosão, possivelmente causada por um vazamento de gás, aconteceu no número 121 da Segunda Avenida, em um restaurante japonês. Alguns minutos depois, o prédio, que também tinha apartamentos residenciais, começou a pegar fogo. Neste domingo, os bombeiros localizaram os corpos dos dois homens desaparecidos após a explosão. Nicholas Figueroa, 23, que almoçava no local no momento do acidente, e o ajudante de garçom Moisés Locón Yac, 27, um imigrante da Guatemala.