SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Aliança Ambiental, rede de entidades ambientalistas, criticou nesta segunda-feira (30) as declarações dadas à Folha de S.Paulo pelo secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga. Em meio à maior crise de abastecimento de água do Estado, o secretário disse que o governo teve que fazer uma “escolha” entre seguir o rito ambiental nas obras emergenciais da Sabesp ou trazer água para a população.
“Nós temos uma situação em que, se fossem seguidos os ritos tradicionais do setor ambiental, nós não teríamos condições de prover essa água à população em julho. Então, a questão é uma escolha. O que vocês preferem: seguir o rito ambiental ou trazer água para a população?”, disse o secretário.
Segundo carta emitida pela Aliança e assinada pelas ambientalistas Marussia Whately e Rebeca Lerer, o governo estadual deixa de assumir a real dimensão da crise da água e, assim, “se esquiva de planejar ações de contingência e emergência”. Além disso, o governo deixa de discutir, do ponto de vista de seus impactos ambientais e de riscos para a saúde, as obras emergenciais que estão sendo feitas.
Entre as principais obras emergenciais previstas para este ano está a ligação entre dois mananciais, o Rio Grande e o Alto Tietê. Outras deverão reverter rios da Serra do Mar, alguns em área de Mata Atlântica, para abastecer os reservatórios da Grande São Paulo.
“Este é o caso da captação das águas do Rio Juquiá, em região de Mata Atlântica e com sérios impactos para as atividades de turismo que ocorrem rio abaixo, ou ainda, do uso das águas poluídas provenientes do bombeamento dos Rios Tietê e Pinheiros para a Represa Billings”, diz a carta.
Segundo o texto, o atual momento de crise deve servir para traçar uma política nova de cuidado com a água em São Paulo.
“Com transparência e responsabilidade política, seria possível chegar a 2016 mais fortalecidos na busca da segurança hídrica e da estabilidade socioeconômica para o Estado”.