FABRÍCIO LOBEL E GIOVANNA BALOGH
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Depois da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo) autorizar reajuste das contas de água e esgoto em 13,8%, a Sabesp informou que vai pedir um reajuste ainda maior.
Apesar de não detalhar qual seria o reajuste ideal, o diretor financeiro e de relações com investidores da empresa, Rui Affonso, diz que a Sabesp vai pedir um aumento maior. Após a Arsesp autorizar o aumento, foi aberta uma consulta pública para que a sociedade civil e a Sabesp possam se manifestar até que seja dado o índice final.
Rui disse que o fator x -índice do desempenho da empresa para avaliar o reajuste- foi pequeno. “Esse fator x não nos parece apropriado”, relatou nesta terça-feira (31).
No início de março, a Arsesp recebeu um pedido da Sabesp para que fosse feita uma revisão tarifária extraordinária para preservar o “equilíbrio econômico-financeiro” da empresa. A autorização para o reajuste foi publicada no “Diário Oficial” desta terça.
De acordo com a Arsesp, o reajuste autorizado foi de 6,3% para repor as despesas com energia elétrica e queda do consumo e mais 7% de correção inflacionária acumulada em um ano pelo IPCA (Índice de Preços aos Consumidor Amplo), além de outros fatores econômicos para chegar nos 13,8%. O aumento deve valer a partir de 11 de abril, com aplicação a partir de 11 de maio.
Por conta da crise hídrica, a empresa é afetada em dois pontos principais: 1) forte redução da receita em consequência da diminuição do consumo de água e do desconto concedido a clientes que conseguem economizar e 2) as obras e investimentos emergenciais que a Sabesp precisa fazer para tentar garantir o fornecimento de água.
O último reajuste na conta da Sabesp entrou em vigor em dezembro do ano passado e foi de 6,49%. O reajuste, que era para ter sido aplicado em abril de 5,4% foi adiado para o fim do ano, período pós-eleição onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) venceu e conseguiu a reeleição.
Segundo a Arsesp, a Sabesp pede o reajuste nas contas alegando o “aumento do custo de energia elétrica e a redução na demanda decorrente da crise hídrica”. Conforme mostrou reportagem da Folha de S.Paulo, a crise da água faz lucro da Sabesp despencar em 2014.
Se em 2013 a empresa paulista de saneamento lucrou R$ 1,9 bilhão, no ano passado esse valor despencou para R$ 903 milhões.
A deterioração é explicada pela combinação entre uma queda de 6,7% da receita bruta (equivalente a R$ 636 milhões) -provocada pela adoção de descontos para clientes que reduzam o consumo-, um aumento de 13,6% nas despesas da empresa (valor de R$ 1,1 bilhão) e de 18,5% nos investimentos chegando a R$ 3,2 bilhões.
A desvalorização do real complicou ainda mais a situação da empresa. Cerca de 40% da dívida da Sabesp é em moeda estrangeira, mas a empresa não conta com instrumentos financeiros de proteção contra depreciação cambial.