MARCEL RIZZO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com a desistência do Bahia de usar a Fonte Nova, anunciada nesta segunda-feira (30), já são 3 dos 12 estádios construídos ou reformados para a Copa do Mundo de 2014 que não contam com equipes mandantes. Além do estádio de Salvador, estão nessa situação a Arena da Amazônia, em Manaus, e o Mané Garrincha, em Brasília, que receberão os Jogos Olímpicos de 2016. Segundo o presidente do Bahia, Marcelo Sant’ana, a partir de 8 de abril o clube não mandará mais seus jogos na Fonte Nova, estádio que recebeu seis partidas da Copa-2014 e que desde 2013 voltou a ser a casa da equipe. O time mandará suas partidas no estádio Pituaçu, de propriedade do governo da Bahia, e como o Vitória, outro grande clube local, tem seu próprio estádio, o Barradão, a Fonte Nova, que é administrada pela iniciativa privada [consórcio formado pelas construtoras Odebrecht e OAS], ficará sem clubes para mandar partidas no estádio. “Durante quase quatro meses, a atual Diretoria Executiva, eleita pelos sócios, negociou a renovação do contrato com o consórcio responsável pela administração da Arena. Procurou valorizar a Torcida de Ouro. Tentou transformar a Arena em nosso caldeirão. Sem sucesso. O Bahia, apesar das conversas, não recebeu uma única proposta na qual a torcida e o Clube fossem valorizados. O Clube entende as dificuldades do consórcio e respeita a postura da Fonte Nova Negócios e Participações, uma empresa privada”, informou o Bahia em nota. Em Manaus, o alto custo operacional do estádio construído para a Copa do Mundo faz com que nenhuma equipe da cidade mande regularmente partidas no local. “Os custos para receber partidas aqui são altos, e o público não tem comparecido aos jogos do Amazonense”, disse Ariovaldo Malizia, diretor técnico da Fundação Vila Olímpica, que administra a Arena da Amazônia para o governo do Amazonas. Em 2015, o estádio teve apenas quatro partidas, uma delas de um clube local, o Nacional, que empatou por 1 a 1 com o Vilhena-RO, com 2.015 pessoas no estádio, e avançou para a segunda fase, quando desistiu de mandar a partida na arena da Copa, por causa dos custos. O Nacional foi eliminado pelo Paysandu-PA no Ismael Benigno, a Colina, com capacidade para 10 mil pessoas -a Arena da Amazônia tem capacidade para 44 mil pessoas. “Esperamos fazer as finais do Amazonense na arena”, disse Malizia. Em Brasília, o Mané Garrincha, estádio com capacidade para 72 mil pessoas que custou aos cofres públicos R$ 1,4 bilhão, e foi o mais caro usado na Copa-2014, não teve jogo em 2015. O primeiro aconteceria na quinta-feira (2), com mando do Brasília contra o Náutico, pela Copa do Brasil, mas o time do Distrito Federal preferiu transferi-lo para o Serejão, em Taguatinga, cidade satélite de Brasília, com capacidade para 25 mil pessoas, por economia. O clube gastaria cerca de R$ 80 mil para jogar no Mané Garrincha, e pagará aproximadamente R$ 1,6 mil pelo Serejão, segundo informações do “Correio Braziliense”. Com isso, o primeiro jogo na temporada no Mané Garrincha será o Cruzeiro x Corinthians da primeira rodada do Brasileiro, em 10 de maio -os mineiros perderam mando e escolheram Brasília para receber os paulistas. Os demais nove estádios têm contratos ou acordos para receber partidas de times locais, ou então já pertencem a clubes como o Beira-Rio, do Inter, o Itaquerão, do Corinthians, e a Arena da Baixada, do Atlético-PR. Levantamento feito pela Folha em dezembro de 2014 mostrou que somente o Itaquerão, em São Paulo, a Arena da Amazônia, em Manaus, e o Mineirão, em Belo Horizonte, conseguiram alcançar ao menos 50% de ocupação média após a Copa do Mundo.