Quando se alcança uma conquista, um título, uma conclusão de etapa, sejam promoções no trabalho, formaturas, campeonatos, torneios, o Prêmio Multi Show de Música, Troféu Gralha Azul de Teatro, o Oscar, Grammy, Emmy e tantos outros, um dos discursos mais clichês é aquele em que o cidadão chega ao microfone e diz: Isto nada mais é do que fruto do planejamento e do trabalho de todos os envolvidos, pois, quando a gente planta, colhe os resultados. Há os discursos mais inteligentes, menos, aqueles que fazem questão de ressaltar os inimigos dizendo Esta conquista é uma resposta contra aqueles que nunca acreditaram em nós, ou ainda aqueles que aproveitam para agradecer pessoas e têm uma lista enorme e sempre esquecem alguém importante, que depois vai reclamar.

Da mesma maneira, tenho a obrigação de mencionar que o fato de um clube do tamanho do Atlético disputar o Torneio da Morte nada mais é que fruto de um planejamento e do trabalho de todos os envolvidos, pois, quando se planta, colhe os resultados.
A maioria dos torcedores atleticanos sabe, mas vamos lá: O papel do presidente do clube é chamar cada diretor, técnico, gerente e até jogadores, cada coordenador e realizar um pente fino para saber onde foi que o clube errou. Esta história de demissão de um técnico porque não conseguiu vencer três jogos está mais do que velha. Se você pegar gravações de jogos e assistir às deficiências técnicas em jogadores titulares que já não vem jogando muito bem desde o ano passado e que continuam titulares, vai perceber que o Claudinei não era o problema, ou o único da lista. Depois as saídas de titulares absolutos, negociados ao longo do ano passado, casos de Manoel, Marcelo Cirino e a briga judicial com o Nathan, um jogador importante da seleção brasileira de base, o clube não repôs e não tem hoje um meia-cancha, laterais que apóiam e voltam para marcar, não tem um xerife na zaga e os atacantes estão parados. O time se limita a um ótimo goleiro, volantes guerreiros e atacantes que não armam. Mas a decisão mais para ver no que dá é mandar um técnico embora e apostar que venha um técnico que tire um coelho da cartola. Esse tipo de estratégia não funciona há muito tempo no futebol. Neste caso, Diego Aguirre já estaria fora do Inter, o Muricy já teria saído do São Paulo e o Grêmio já teria demitido o Felipão. Sem contar que o Marcelo Oliveira não faz uma boa campanha na Libertadores. Mas o planejamento de futebol hoje requer muito mais que um bom técnico.

E o torcedor tem acesso aos campeonatos do mundo todo pela TV a Cabo, Liga dos Campeões, vê estaduais pelo País, então assiste o Crislan fazendo gols no Paulistão, Marcelo Cirino fazendo gols no Carioca, vê Marcos Guilherme mandando muito bem na Seleção Brasileira de base e se pergunta se é o técnico o culpado. O Atlético tem um belo estádio, um belo CT, um patrimônio de futebol gigantesco, mas a última grande conquista dentro de campo foi em 2001. O Coritiba, campeão brasileiro em 1985. Vou colocar o Paraná Clube nesta conta para me perguntar: posso ainda encher a boca e dizer que os clubes de Curitiba estão na lista dos grandes do futebol nacional? Gostaria de escrever que são grandes, mas olhando planilhas de resultados, o número de vitórias, o ranking nacional e internacional de clubes e a quantidade de títulos conquistados, eu só posso dizer uma coisa: isto nada mais é do que fruto do planejamento e do trabalho de todos os envolvidos, pois, quando a gente planta, colhe os resultados.

Mauro Mueller é apresentador do Show de Bola da Rede Massa, radialista e ator