PEDRO SOARES RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Após uma recuperação em janeiro (que não repôs, porém, as perdas dos meses anteriores), a produção industrial não sustentou a retomada e caiu 0,9% na comparação com o primeiro mês do ano, na taxa livre de influências sazonais (típicas de cada período). Em janeiro, a taxa havia sido positiva em 0,3% -resultado revisado para baixo, originalmente estimado em uma alta de 2%. O dado revisado torna o desempenho do setor ainda mais fraco neste ano.

Em dezembro, a retração ficara em 1,2% nessa mesma base de comparação -nesse caso, ajustado para cima, pois o dado original apontava uma perda maior (3,2%). Os números foram divulgados pelo IBGE na manhã desta quarta-feira (4). O resultado de fevereiro veio melhor do que o esperado.

O centro das expectativas apontava para uma retração de 2,7%, uma vez que os analistas não esperavam uma revisão tão intensa. Quando comparados os resultados aos dos mesmos períodos do ano anterior, porém, a indústria se mantém operando com taxas negativas e não mostra sinais de melhora em seu desempenho.

Em relação a fevereiro do ano passado, a produção industrial registrou um forte tombo de 9,1%, após uma retração de 5,1% nesse indicador em janeiro. Trata-se da maior queda desde julho de 2009, em meio à crise global. No período de 12 meses encerrados em fevereiro, o setor industrial também acumula uma perda de 4,5%, superior aos 3,5% de queda em janeiro.

Dentre os motivos para o fraco resultado, estão o acúmulo de estoques em importantes setores, como veículos, e consumidores e empresários mais pessimistas com o cenário econômico -o que posterga decisões de compras e investimentos. Com esse quadro, algumas empresas já adotaram medidas como demissões, corte de turnos, suspensão de contratos de trabalho ou férias coletivas para lidar com a conjuntura desfavorável.

PERSPECTIVAS

Para analistas, a indústria viverá, em 2015, mais um ano de queda da produção. Em 2014, a perda foi de 3,3%. Foi a maior retração desde 2009. O mesmo cenário desfavorável, dizem analistas, deve se repetir neste ano, com os agravantes da possível freada mais forte da economia global e a crise da Petrobras, que paralisou investimentos e afeta toda a cadeia de óleo e gás e de parte da de construção civil -que demanda insumos e máquinas da indústria.

O mercado de deve piorar -em fevereiro, a taxa de desemprego subiu acima das expectativas e superou a marca do mesmo mês do ano passado- e o crédito tende a se tornar mais caro, fatores que devem restringir mais o consumo.