THAIS FASCINA SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os operários da fábrica de motores da Ford, em Taubaté (a 140 km de São Paulo), anunciaram nesta quarta-feira (1) greve geral contra a demissão de 137 trabalhadores, afastados há oito meses da fábrica em razão da queda nas vendas. O anúncio foi feito pela montadora nesta terça-feira (31), quando eles voltariam ao trabalho. De acordo com o sindicato dos Metalúrgicos da região, uma assembleia geral está marcada para a próxima terça-feira (7). Em nota, a Ford informou, porém, que já concluiu os acordos neste caso. Os pontos das negociações foram o fechamento do acordo de data-base (reunião entre empresa e sindicato para repactuar os termos dos seus contratos coletivos de trabalho) dos anos de 2015 e 2016 e da participação nos resultados para os anos de 2016 e 2017. Além de um novo PDV (Programa de Demissão Voluntária) a partir do dia 30 de março deste ano. A Ford também afirmou que garantirá que aos 1.500 operários da fábrica em Taubaté empregos até 2017, pelo menos. Os operários demitidos iniciaram uma série de protestos em frente à fábrica desde terça (31), impedindo a entrada dos operários que continuaram empregados na fábrica. HISTÓRICO Em 2013, a Ford anunciou o fim da fabricação de motores Rocam na cidade. Já em 2014, a empresa adotou medidas para evitar demissões em massa, como afastamento de trabalhadores com o banco de horas, redução da jornada de trabalho de 40 para 32 horas semanais sem redução de salários e férias coletivas. Ainda com discurso de não ter alcançado o objetivo, a empresa abriu o PDV (Plano de Demissão Voluntária) no primeiro trimestre do ano passado e, em agosto, anunciou o “lay-off” (suspensão temporária do contrato de trabalho) para 108 operários com parte do salário (cerca de R$ 1,3 mil) financiado pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Em setembro, incluiu mais 116 trabalhadores no “lay-off”, totalizando 224. Sem nenhuma solução encontrada, e com a montadora perdendo espaço nos mercados do México e Argentina, a empresa decidiu prolongar o “lay-off” sem o recurso do FAT, que pela lei tem prazo somente de cinco meses. A ideia era manter o plano até o dia 31 de março de 2015 para encontrar uma solução para estes operários em negociações com o sindicato. Na data de fim do último “lay-off” foi anunciada a demissão de 137 trabalhadores que ainda restavam no programa -os outros aderiram ao PDV no período. MAIS CRISE Em São Bernardo do Campo, também no ABC paulista, a Ford reduziu o ritmo de produção afastando 420 trabalhadores por tempo indefinido no início deste ano. Os dias parados serão compensados com o banco de horas. As empresas também têm feito ajustes nas linhas de montagem. Também em Taubaté, 4.200 funcionários da Volkswagen estão em férias coletivas desde segunda-feira (30), com duração de 20 dias. Mercedes e GM abriram recentemente PDVs. Na próxima terça (7), a Anfavea (associação montadoras) irá divulgar dados de produção e revisar para baixo as projeções iniciais, que indicavam estabilidade nas vendas em relação à 2014.