LEANDRO MACHADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Militar e a Prefeitura de São Paulo querem implantar um rodízio de “pancadões”, como são conhecidos os bailes funks de rua em São Paulo.
Há anos, dezenas de bairros da periferia paulistana têm pancadões todos os fins de semana. Os eventos, organizados pelas redes sociais, reúnem milhares de jovens, fecham ruas e chegam a acabar em confusão com policiais. Geralmente viram a madrugada.
A decisão foi comunicada nesta quarta-feira (1º) após uma reunião entre a PM, a vice-prefeita Nádia Campeão (PC do B) e o secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes.
O governo do Estado e a prefeitura dividiram a cidade em 11 territórios onde ocorrem diversos pancadões. Em cada um deles, há mais de um por fim de semana.
Agora, as gestões Alckmin e Haddad pretendem realizar dois bailes por mês em cada um desses 11 locais.
A PM estima que existam 440 locais da cidade onde os eventos ocorram com regularidade -a corporação recebe cerca de 400 ligações por fim de semana com reclamações sobre os “fluxos”, como também são conhecidos os bailes de rua.
Eles agora terão um lugar reservado, como parques e campos de futebol, e não mais nas ruas. A ideia é que os locais mudem com frequência para que os mesmos moradores não sofram com o barulho mais de uma vez.
Os eventos terão que entrar na rédea da polícia: hora para começar e terminar, área demarcada, além de não ser permitida a venda de bebidas para menores de idade. Os bailes que não entrarem nas regras serão considerados ilegais e podem sofrer repressão policial.
“Será o mesmo modelo do Carnaval na Vila Madalena, com lugares delimitados, organizado, com cerco da Polícia Militar. Haverá um rodízio de locais para que a vizinhança não seja incomodada todo fim de semana. As demais manifestações que não aderirem a esse modelo serão irregulares”, afirmou Moraes.
Segundo Nádia Campeão, organizadores dos bailes estão participando dos debates sobre as regras que serão implantadas, apesar de nenhum deles ter participado do encontro de hoje. Eles reclamam que não existem áreas disponíveis nos bairros, além das ruas.
“Os jovens desejam fazer um evento mais organizado, eles têm consciência de que [os bailes] incomodam a vizinhança”, disse.
PRISÕES E VERBA
Segundo a PM, neste ano foram presas 144 pessoas que participavam de pancadões, acusadas de crimes como tráfico de drogas e roubo. Outros 54 menores foram apreendidos.
A corporação estima que gastou cerca de R$ 1,5 milhão em operações para coibir os bailes apenas neste ano.
“É importante que o Estado tenha uma nova forma de se relacionar com essa juventude: dialogando e atraindo para o diálogo. Não são lideranças da forma que a gente conhece: eles mobilizam por rede social”, afirmou Antonio Pinto, secretário municipal de Igualdade Racial.
Segundo ele, desde o ano passado foram realizados cinco pancadões “organizados” pelo poder público. “Todos acabaram às 22h”, diz Pinto.