SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio, teceu duras críticas a seu sucessor, Carlos Miguel Aidar, e defendeu o elenco e o treinador do time, Muricy Ramalho, que, segundo ele, “está sendo cozinhado em fogo baixo”.
“O Muricy é muito leal. Quando o Aidar assumiu, ele disse: ‘o Muricy tem cargo vitalício comigo, enquanto eu estiver aqui, ele está também’. Agora, ele diz que o cargo está mantido até o final do ano. E o Muricy tem essa leitura”, disse Juvêncio, em entrevista à “TV Folha”, da Folha de S.Paulo.
Ele foi presidente do clube no período em que Muricy se sagrou tricampeão brasileiro pela equipe tricolor (2006-2009). Juvenal ainda afirmou que o treinador tem conhecimento das supostas contradições do atual presidente.
“O Carlos Miguel [Aidar] fala umas coisas do Muricy mais para colar, mas ‘interna corpore’ [internamente] ele fala outras coisas. O Muricy sabe o que está acontecendo verdadeiramente, e por isso que está abatido. Ele não pode se animar com uma situação dessas. E sem alegria não se joga futebol.”
Sobre o elenco, ele insistiu que “não há nenhum racha”, que os jogadores têm qualidade, e que o grande problema do clube hoje é seu mandatário.
“Não há racha nenhum no elenco. O que não cola é o presidente [Carlos Miguel Aidar], que é um palpiteiro. Ele não gosta de futebol, não entende de futebol, é um amador. E o que ele diz atrapalha as declarações dos jogadores. ‘Agora precisa ganhar’, e não precisava ganhar antes?”, disse.
“O elenco está absolutamente ajustado. Eu sei disso porque foi todo montado por mim. o Ganso é um enorme atleta, mas tem momentos em que ele não chega”, continuou.
Juvêncio ainda se defendeu de acusações de Aidar de que teria deixado o clube sem dinheiro.
“Deixei R$ 20 milhões, que ele pegou e comprou o Alan Kardec. Aí disse ‘aqui não tem dinheiro’. O São Paulo não é banco, tem que ter criatividade. O dinheiro é uma justificativa. Todo mundo precisa de dinheiro. Ele precisa administrar aquilo lá, largar de fazer a unha. Ele precisa fazer futebol. E ele faria um favor se não fosse mais à Barra Funda [local do centro de treinamento do clube]”, disse.
Ele já havia se defendido das acusações de Aidar em declarações anteriores.
Perguntado o motivo de ter ajudado a eleger um presidente que, segundo ele, não entende nem gosta de futebol, ele se lamentou.
“Esse foi o meu erro [influenciar na eleição de Aidar]. Eu escolhi um e elegi outro. Como ele não me atrapalhou outras vezes, achei que poderia ser presidente. Só que a pessoa mudou, se travestiu, me deixou nu na passarela da verdade. Ele mudou radicalmente.”