Dados divulgados no final do mês de março pelo IBGE, na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, mostram que a rede pública já paga, em média, salários melhores aos seus professores na educação básica em comparação à particular. Por outro lado, dados da FGV, de um levantamento realizado em 2013 sobre o crescimento do número de alunos da educação básica, revelam que a rede particular cresceu mais de 20% nos últimos anos, enquanto a pública perdeu alunos. Tais constatações refletem que dinheiro é importante, mas não determinante para melhorar a qualidade da educação.
O custo por aluno na rede pública é, no geral, maior que a receita da rede privada. Basta pegar o orçamento das secretarias municipais e estaduais e dividir pelo número de alunos atendidos. Como resultado, vamos perceber que as diferenças – a maior para a rede pública – são desconcertantes.
A explicação para essa dicotomia está na incompetência dos administradores públicos na gestão do dinheiro e da escola, assim como na falta de comando da educação pública. Foi delegado aos movimentos sociais a gestão dessa montanha de dinheiro e, com eles, foram ampliados os benefícios, os cargos nas secretarias e conselhos, bem como diminuiu-se o tempo dos professores em sala de aula. Portanto, com a “justificativa” da qualidade, os professores não estão obrigados a dar aulas.
Para os governantes, as pastas da educação tornaram-se cobiçadas pelos partidos, especialmente os de esquerda, que para manter o discurso, ocupam e criam cada vez mais cargos e lá colocam seus apadrinhados – que estão mais preocupados em manter seus privilégios do melhorar a qualidade da educação. Enquanto isso, o fato é que a escola particular, com gestão eficiente dos recursos financeiros e humanos, consegue um resultado comparável com a educação dos países melhores classificados nas avaliações internacionais a custos muito inferiores aos da escola pública.
As constatações demonstram a falácia do discurso da esquerda de que, com mais recursos, a melhoria da educação seria automática. Na verdade, aumentou-se substancialmente os recursos para a educação e, por consequência, os salários dos professores. Porém, aumentaram em proporções muito maiores os cargos, controles, planejamento, supervisão etc.
Realmente, a melhoria da qualidade da educação necessita de muito trabalho e foco na sala de aula, que é onde a educação realmente acontece. Precisa de uma gestão profissional da unidade escolar e, para tanto, precisamos acabar com as eleições para diretores e colocar nesses cargos profissionais com perfil de gestão. Perfil não se seleciona pelo voto, é necessário dar autonomia financeira e administrativa para o diretor, com recursos e poder para gerir a unidade escolar, que poderá ser feito em conjunto com a comunidade, mas vejam, em conjunto. Não tardaremos a perceber o tamanho do elefante branco que se tornaram as secretarias de educação, que em tempos de crise e recursos limitados, logo não poderão pagar os salários. E a qualidade da educação? Bem, isso fica para depois de receber – em dia – os salários…

Ademar Batista Pereira, educador, diretor da Escola Atuação, membro do Sinepe/PR e articulista do site www.esominhaopiniao.com.br