MARCO ANTÔNIO MARTINS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Após 14 meses de investigação, policiais civis do Rio e promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público estadual descobriram que criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) usaram quatro casas, sendo três na cidade de São Paulo e uma no Vale do Paraíba, como “refinarias” para tratamento de cocaína e maconha vindas do Paraguai.
A Justiça decretou 40 mandados de prisão. Até a tarde desta quarta (15), 28 pessoas foram presas, entre traficantes, três policiais civis e um policial militar.
Ao todo, 43 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público estadual. Desses, oito são apontados como membros do PCC.
Depois de misturadas a outros produtos em São Paulo, as drogas eram enviadas para o interior de São Paulo, Minas Gerais e Rio. Segundo os policiais, a ligação do PCC era com traficantes do Sul Fluminense. Mas não está descartada a hipótese que após receberem a droga, esses criminosos ainda enviassem para morros e favelas do Rio.
Além da ação do PCC, os investigadores descobriram ainda que os traficantes contaram com a ajuda de policiais civis para a prática de crimes. Os servidores faziam operações contra grupos rivais, apreendiam drogas e depois revendiam para o grupo aliado. Cada quilo de cocaína era vendido pelos policiais aos criminosos por R$ 10 mil. Em algumas ocasiões, os traficantes pagaram aos policiais civis parte deste valor em armas (pistolas ou revólveres) e até em carros.
Os investigadores descobriram ainda que os policiais chegaram a sequestrar traficantes e exigir joias ou eletrodomésticos como pagamento. Falsas operações ainda foram montadas pelo grupo, com carros e drogas sendo apreendidos e não apresentados na delegacia. Antes da venda à quadrilha rival, os policiais telefonavam para os criminosos e pediam pagamento para a devolução dos produtos.
“Isso foi surpreendente. Quem deveria defender a população estava aliado aos traficantes. Isso está muito claro na investigação”, afirmou o promotor Fabiano Oliveira, do Gaeco.
Durante os 14 meses de investigação, a polícia apreendeu 65 quilos de maconha, cocaína e crack.